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Marcos Moreno – Remédios e procedimentos médicos para animais custam caro. Você conta
                        com pessoas para te ajudar?
                        Fabiana Lombardi – Um resgate envolve muito dinheiro. Os remédios e procedimentos são
                        caros, podendo somar um valor cinco vezes mais do que você ganha ao mês! Tenho madrinhas
                        sim, mas mesmo elas ajudando o dinheiro nunca paga todos os custos. Sou muito grata a elas
                        e entendo que elas doam o que estão ao alcance. Não tenho ajuda de nenhum órgão. Alguns
                        veterinários me ajudam como podem, buscando soluções para que não se gaste muito.


                        Marcos Moreno – Nesse trabalho árduo, quais são as maiores dificuldades?
                        Fabiana Lombardi – A minha maior dificuldade é a financeira, pois os gastos são bem altos! A
                        falta de punição pelo abandono e maus-tratos também dificulta o trabalho das protetoras.

                        Marcos Moreno – Você recebe muitos pedidos de resgate ou a maioria acontece casualmente?
                        Fabiana Lombardi – Recebo muitos pedidos de resgate, mas hoje não posso atendê-los, pois eu
                        cuido de muitos animais de rua diariamente. Muitas vezes, preciso me virar sozinha quando os
                        animais que cuido nas ruas adoecem, o que gera um desgaste enorme. Eu tento fazer o meu
                        melhor.

                        Marcos Moreno – É muito comum entre as pessoas que lidam com resgates de animais e com a
                        causa, de um modo geral, terem depressão. Você enfrenta esse problema?
                        Fabiana Lombardi – Quem abraça a causa tem um desgaste psicológico muito grande. Você
                        chora, sofre e perde o sono! Eu tenho que trabalhar meu psicológico diariamente, porque
                        tenho muitos animais para cuidar. Sempre penso que se eu me entregar, meu trabalho acaba,
                        então eu busco a Deus e peço proteção para mim e para os animais. Essa tarefa é uma luta sem
                        fim e acabamos nos deprimindo com os acontecimentos tristes.

                        Marcos Moreno – Você tem uma rotina de horário para tratar de tantos animais?
                        Fabiana Lombardi – Eu tenho uma rotina para cuidar dos animais, porque na rua a única coisa
                        que eles têm é o alimento e um carinho que recebem rapidamente. Essa rotina vai das 6h às
                        10h e na parte da tarde, das 17h às 21h.

                        Marcos Moreno – Você acredita que os animais que você cuida sentem gratidão?
                        Fabiana Lombardi – Marcos, a gratidão deles é nítida. Abanam o rabinho e os olhos de alguns
                        F abiana Lombar di  –
                        brilham quando comem ou recebem atenção. Muitos ficam tristes porque não podem ir comi-
                        go. Todos os dias eles esperam um carinho. É dolorido demais quando estão lotados de carra-
                        patos. Eu dou remédio e no dia seguinte, eles até se deitam no chão de felicidade e de alívio.


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