Page 109 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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             receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus,
             a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram
             do  sangue,  nem  da  vontade  da  carne,  nem  da  vontade  do
             homem, mas de Deus”!
                    Mas não ensina a Escritura:  Quem quiser,  venha? É
             verdade,  mas  significa  isso  que  todos  têm  vontade  de  vir?
             Que dizer daqueles que não querem vir? “Quem quiser, venha”
             não significa que o homem caído tem, em si mesmo, o poder
             de vir,  tal como a expressão  “Estende a tua mão”  não dá a
             entender que o homem com a mão mirrada tinha, em si mesmo,
             a capacidade de obedecer.  Em si e de  si mesmo,  o  homem
             natural tem o poder de rejeitar a Cristo;  porém,  não  tem o
             poder de  receber  a Cristo.  E por qual  razão?  Porque  a sua
             mente está em inimizade contra Deus (Rm 8.7); porque o seu
             coração odeia  a Deus  (Jo  15.18).  O homem  escolhe  aquilo
             que está de acordo com a sua própria natureza,  e, portanto,
             antes de haver a possibilidade de escolher ou preferir aquilo
             que é divino e espiritual, uma nova natureza precisa ser-lhe
             concedida;  em outras palavras,  importa-lhe nascer de novo.
                    Pode-se, porém, perguntar: O Espírito Santo não vence
            a inimizade e o ódio do homem, quando convence o pecador
            acerca  de  seus  pecados  e  de  sua  necessidade  de  receber  a
            Cristo?  O  Espírito  de  Deus  não  produz  essa  convicção  em
            muitos daqueles que perecem? Tal linguagem revela confusão
            mental:  se  a inimizade de tal pessoa tivesse  sido  realmente
            vencida,  então,  de  bom  grado,  ela  se  voltaria para  Cristo.
            Mas, por não vir ao Salvador,  fica demonstrado que não foi
            vencida a inimizade dela. Há muitos que, através da pregação
            da Palavra, são pelo Espírito convencidos do pecado e, apesar
            disso,  morrem  na  descrença:  é  uma  solene  verdade.  Não
            devemos perder de vista, porém, o fato que o Espírito Santo
            faz, em cada eleito de Deus, algo mais do que nos não-eleitos:
            Ele opera nos eleitos  “tanto o querer como o realizar”  a boa
            vontade de Deus (Fp 2.13).
                   Respondendo  àquilo  que  dissemos  acima,  os
            arminianos retrucariam:  “Não;  a obra de persuasão efetuada
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