Page 89 - O vilarejo das flores
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Brigida desceu primeiro e deu um forte abraço em Noeli. Zaquiel
desceu com Aimée nos braços ardendo em febre. Noeli mandou os
criados levarem a menina para o quarto preparado e colocou Brigida
e Zaquiel no melhor quarto da casa.
—Não se preocupe querida. - falava para Brígida - Pode ficar o tempo
que precisarem. Esse sujeito não os encontrará aqui.
—Tia, não sei como vamos lhe agradecer. Nossa situação é
desesperadora. - dizia Brígida desanimada com os olhos marejados.
—Eu imagino. - disse Noeli – Não precisam agradecer. Um sujeito
assim deveria estar nas mãos da guarda. Pobre menina. Era tão
centrada e responsável.
—Aimeé sempre foi assim. Mas começou a mudar, a mentir há
alguns meses. Eu não sabia o que fazer. Parece que ele tem um poder
sobre ela.
—Temos que dar tempo ao tempo. - Acalmava Noeli.
A família ficou residindo na casa de tia Noeli e aos poucos
foram se adequando a cidade.
—Brigida – chamou Zaquiel abrindo a porta da rua- Cheguei.
—Olá querido! Como foram as vendas?
—Foram boas. E Aimeé?
—Estamos esperando a mucama descer. - respondeu Brigida
visivelmente abatida.
—Aí está! E então Sadira, comeu algo desta vez?- perguntou Noeli a
uma moça magra e esguia que carregava uma bandeja.
—Não senhora. A pobre continua prostrada. Apenas bebeu água.
—Não é possível! Já faz quase um mês! - esbravejou Zaquiel - Essa
menina precisa entender o que é a vida. O que é ter honra.
—Zaquiel...-ponderou Brigida -Não adianta brigar, ela está sem
forças e só chora. Tenho medo que adoeça novamente. Precisamos
esperar. Daqui a pouco ela esquece e volta a ser a Aimeé de sempre.
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