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16 Março, 2018 Página Cultural 17
Gazeta das Caldas
O 16 de Março em banda desenhada
é apresentado hoje no CCC
Hoje, sexta-feira, 16 de Março, vai ser apresentada a banda desenhada de José Ruy sobre o golpe das Caldas que ocorreu há 44 anos. A
apresentação do livro terá lugar pelas 10h00 no CCC. No sábado, 24 de Março, pelas 16h00, será inaugurado o monumento evocativo
do 16 de Março, da autoria de José Santa Bárbara, que está a ser instalado em frente ao antigo RI5 (hoje Escola de Sargentos do
Exército).
Natacha Narciso Natacha Narciso
nnarciso@gazetacaldas.com
A saída da coluna de militares do RI5 (ver cai-
xa), um mês antes da Revolução de Abril, está
agora registada ao pormenor pelo mestre de
banda desenhada, José Ruy. Foi com a preciosa
ajuda do coronel Vítor Carvalho e coronel Otelo
Saraiva de Carvalho que o autor de BD conse-
guiu ir desenhando, dando a devido atenção
a pormenores importantes como a forma que
estavam vestidos ou quais eram as marcas e
os modelo das viaturas usadas na revolta do
RI5. Estas são informações indispensáveis para
um autor que “quer fazer um trabalho com
rigor”, explica José Ruy, autor que se dedica José Ruy e o coronel Silva Carvalho, durante a visita ao quartel caldense, no passado mês de Outubro
à BD desde os anos 40 e que soma dezenas de
álbuns, muitos sobre a História de Portugal. bem como as partes exteriores”, referiu o autor que tam- locais onde as reuniões secretas se realizaram.
José Ruy já nos anos 90, tinha contado a história da fun- bém a agradeceu à Gazeta por lhe terem sido facultadas Na fase seguinte, o autor cobre os desenhos a
dação das Caldas, no livro também de BD, Nascida das fotografias tiradas no próprio dia da saída da coluna mi- tinta-da-china, na arte final.
Águas. Agora há uma nova edição desta obra, dedicada litar do Quartel em 1974. “Estas foram-me muito úteis No dia 24 de Março, pelas 16h00, será inau-
ao 16 de Março. “Há nesta narrativa gráfica muitas re- para as cenas em que reproduzi as situações dramáti- gurada a peça que está a ser instalada em
velações não divulgadas antes, que me dão o privilé- cas do cerco à Unidade Militar revoltada”, contou José frente à ESE e que é da autoria de José de
gio de as apresentar em primeira mão”, contou o autor Ruy dando a conhecer mais um pormenor: o Brigadeiro Santa-Bárbara.
que colocou, por exemplo, Otelo Saraiva de Carvalho a Serrano usava óculos e assim pôde ser fielmente retratado
fumar, numa vinheta e quando a enviou ao autor este na nova obra. “O meu sistema de trabalho é esboçar as
respondeu-lhe que na altura não fumava. “Alterei logo vinhetas e colocar-lhes o texto respectivo, que vai para
o desenho”, disse. aprovação dos consultores científicos”, disse José Ruy
A pesquisa para contar o 16 de Março incluiu ainda uma confirmando que depois passa a definitivo, mas ainda a
visita ao Quartel das Caldas, que a Gazeta das Caldas lápis, em formato maior para poder ser reduzido foto-
também acompanhou em Outubro. Essa visita “foi mui- graficamente. São os consultores que se certificam que
to útil para a reconstituição das instalações na época, está tudo correcto em relação a temas como as patentes
como os dormitórios, o refeitório e outros recantos, dos militares e as fardas que vestiam ou o ambiente dos
16 de Março em síntese
No dia 16 de Março de 1974, uma coluna de militares “revoltosos” que queria acabar com o regime saiu do
então RI5 nas Caldas rumo a Lisboa, julgando que a eles se iriam juntar militares de outras unidades. O
golpe falhou. Os militares tiveram que voltar ao quartel das Caldas, onde foram cercados pelas forças afec-
tas ao antigo regime. Mas a tentativa de revolta foi uma espécie de ensaio para o que aconteceu no mês
seguinte, com a Revolução dos Cravos, após 40 anos de Estado Novo. N.N.