Page 158 - Fortaleza Digital
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Big Brother? Brinkerhoff engoliu em seco. Então o Big Brother também vigia o
      estoque?
      O Big Brother era um Centrex 333 que ficava em um canto ao lado da sala
      principal da ala dos diretores. Era o universo de Midge. Recebia dados de 148
      câmeras de vídeo internas, 399 portas eletrônicas, 377
      escutas telefônicas e 212 pontos de escuta espalhados por todo o complexo da
      NSA.
      Os diretores da NSA haviam aprendido, da pior forma, que 26 mil funcionários
      não eram apenas um grande trunfo, mas também um grande perigo. Todos os
      vazamentos de informação na história da NSA tinham partido de dentro. Como
      analista de segurança interna, o trabalho de Midge era vigiar tudo que acontecia
      dentro da agência. Inclusive, pelo que Chad acabara de descobrir, aquilo que
      acontecia dentro do estoque da cantina.
      Brinkerhoff se levantou para tentar se defender, mas Midge já havia passado da
      porta e estava se preparando para ir embora.
      - Mantenha as duas mãos sobre a mesa - ela disse, sem se virar. - Não faça nada
      estranho depois que eu sair. Lembre-se de que as paredes têm olhos.
      Ele se sentou e ficou ouvindo o ruído dos saltos dela se afastando ao longo do
      corredor. Pelo menos sabia que Midge não iria contar a ninguém. Ela também
      tinha suas pequenas fraquezas, incluindo algumas sessões de massagem nos
      ombros de Brinkerhoff. Pensou em Carmen. Lembrou-se de seu corpo macio
      com pernas morenas e firmes e da salsa quente de San Juan que ela gostava de
      ouvir no rádio, no volume máximo. Ele sorriu. Quem sabe não faço uma
      boquinha quando terminar aqui?
      Olhou para o primeiro relatório impresso.
      CRIPTOGRAFIA - PRODUÇÃO / GASTOS
      Relaxou. Midge havia lhe dado um presente. O relatório da Criptografia era
      sempre trivial. Tecnicamente, ele deveria compilar todos os dados, mas a única
      coisa que interessava ao diretor era o CMD - Custo Médio por Desencriptação. O
      CMD representava o valor estimado gasto pelo TRANSLTR para quebrar cada
      um dos códigos. Contanto que esse número ficasse abaixo de mil dólares,
      Fontaine não se importava. Mil 175
      pratas por corrida. Brinkerhoff sorriu. É nosso dinheiro de impostos circulando.
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