Page 155 - Fortaleza Digital
P. 155

Chad Brinkerhoff tinha 45 anos. Bem-vestido, bem-cuidado e bem-informado,
      fazia o tipo dinâmico e animado. Sua pele bronzeada, assim como o terno
      impecavelmente passado, não tinha uma ruga. Seus cabelos eram louros e cheios
      - todos seus! -, e seus olhos, de um azul brilhante, sutilmente realçados pelo
      pequeno artifício das lentes de contato coloridas.
      Chad estava sentado, olhando para seu escritório e pensando que sua carreira na
      NSA já tinha chegado ao auge. A sala dele ficava no nono andar, conhecido
      como Mahogany Row, a "ala de mogno': por seus escritórios luxuosos com
      móveis e estantes de madeira. A ala da diretoria.
      Era sábado à noite, e Mahogany Row estava quase totalmente deserta. Seus
      executivos já tinham saído há muito tempo e deviam estar se divertindo com um
      desses passatempos que as pessoas influentes adoram. Brinkerhoff sempre
      sonhou com um cargo "de verdade" na agência, mas acabou se tornando um
      "assistente pessoal': que era o nome oficial para o cargo de puxa-saco na
      impiedosa corrida pela ascensão política. O fato de estar trabalhando lado a lado
      com o homem mais poderoso de toda a comunidade de inteligência americana
      não era grande consolo. Brinkerhoff havia se graduado com honras em Andover
      e Williams, mas lá estava ele, na meia-idade, sem nenhum poder real, nenhum
      desafio verdadeiro. Passava seus dias organizando a agenda de outra pessoa.
      Naturalmente o cargo de assistente pessoal do diretor lhe trazia alguns privilégios.
      Brinkerhoff tinha um escritório luxuoso, bem como acesso a todos os
      departamentos da NSA e uma certa notoriedade por conta das pessoas com
      quem andava. Executava tarefas corriqueiras para aqueles que ocupavam os
      mais altos escalões do poder. No fundo, Brinkerhoff sabia que havia nascido para
      ser assistente. Era suficientemente inteligente para anotar o que fosse importante,
      bonito o bastante para conduzir as entrevistas coletivas e adequadamente
      preguiçoso para se contentar com isso.
      172
      O suave toque de seu relógio marcou o fim de mais um dia de sua existência
      patética. Droga, pensou. Cinco da tarde de sábado. Que diabos estou fazendo
      aqui?
      - Chad? - o rosto de uma mulher apareceu em sua porta. Brinkerhoff olhou para
      ela. Era Midge Milken, a analista de segurança interna de Fontaine. Tinha 60
      anos, era gordinha e, para espanto de Brinkerhoff, bastante sedutora. Uma eterna
      namoradeira, já tendo sido casada três vezes, Midge transitava pelas seis salas da
      ala da diretoria com um ar atrevido. Era inteligente, tinha uma enorme intuição,
   150   151   152   153   154   155   156   157   158   159   160