Page 160 - Fortaleza Digital
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não estava sozinho. Ainda que os criptógrafos acreditassem que o Gauntlet havia
sido construído com o único objetivo de proteger a máquina suprema da
decodificação, os SegSis sabiam que a verdade era um pouco mais complexa. Os
filtros do Gauntlet serviam a um deus muito superior: o banco de dados central da
NSA. Chartrukian tinha um fascínio particular pela história por trás da construção
do banco de dados. Apesar dos esforços do Departamento de Defesa para
manter a Internet apenas para seu uso interno, no final dos anos 1970 ela era uma
ferramenta tão útil que não podia deixar de atrair universidades e empresas. As
universidades foram as primeiras a conseguir um espaço na rede, e pouco depois
vieram os servidores comerciais. Os portões se abriram e o público entrou em
massa. No início dos anos 1990, a Internet, que já havia sido uma rede segura do
governo, havia se transformado em uma selva congestionada de emails, ciber-
pornografia e sites pessoais. 177
Após algumas invasões não divulgadas, mas altamente desastrosas, aos
computadores do Escritório de Inteligência Naval, ficou claro que os segredos do
governo americano não estavam mais a salvo em computadores que estivessem
conectados à sempre crescente Internet. O
presidente dos EUA, em conjunto com o Departamento de Defesa, aprovou um
decreto secreto para financiar uma nova rede governamental totalmente segura,
destinada a substituir a já
corrompida Internet e a funcionar como elo entre as agências de inteligência do
governo norte-americano. Para prevenir novos furtos de segredos
governamentais armazenados em computadores, todos os dados importantes
foram transferidos para uma única localização altamente secreta: o recém-
construído banco de dados da NSA, o "Porte Knox" dos dados de inteligência
norte-americanos. Literalmente, milhões de fotos, gravações, documentos e
vídeos secretos foram digitalizados e transferidos para essa imensa central de
armazenamento e, depois, as cópias físicas foram destruídas. O banco de dados
era protegido por uma camada tripla de no-breaks, que garantiam energia
permanente, e por um sistema com redundância múltipla para manutenção de
cópias de segurança dos dados. Para protegê-lo de campos magnéticos e de
possíveis explosões, ele foi colocado em um subterrâneo, 70 metros abaixo da
superfície. As atividades dentro da sala de controle eram designadas como Top
Secret Umbra - o mais alto grau de segurança dos Estados Unidos. Os segredos
do país estavam mais seguros do que nunca. Esse banco de dados inexpugnável
continha projetos de armas avançadas, listas do programa de proteção a
testemunhas, codinomes dos agentes secretos, análises militares e detalhes de
propostas para operações de inteligência, entre outras coisas. Não haveria mais
invasões de hackers que pudessem criar problemas para os serviços de