Page 167 - Fortaleza Digital
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- Exatamente o que eu pensava. É uma divisão por zero. Brinkerhoff olhava,
espantado.
- Isso quer dizer que está tudo bem?
Ela deu de ombros.
- Quer dizer apenas que não quebramos nenhum código hoje. O
TRANSLTR deve estar de folga.
- De folga? - Brinkerhoff olhou para ela, pensando se aquilo era uma ironia. Ele
estava trabalhando com o diretor há bastante tempo e sabia que "folgas" não
faziam parte de seu vocabulário. Especialmente quando se tratava do
TRANSLTR. Fontaine pagou dois bilhões de dólares por aquela formidável
máquina de quebrar códigos e queria o maior retorno possível desse
investimento. Cada segundo que o supercomputador ficasse parado era como
queimar dinheiro.
- Midge, nós dois sabemos que o TRANSLTR não "tira folga". Ele trabalha dia e
noite sem parar.
Ela olhou para ele com uma expressão vaga e disse:
- Talvez Strathmore não estivesse com vontade de trabalhar ontem à
noite para preparar o lote de arquivos a serem processados no fim de semana.
Provavelmente sabia que Fontaine estaria longe e resolveu sair mais cedo para ir
pescar.
- Midge, vá com calma. - Brinkerhoff olhou para ela sério. - Deixe o homem em
paz.
Todos sabiam que Midge Milken não gostava de Trevor Strathmore. O
comandante havia tentado uma jogada esperta ao reescrever o algoritmo
Skipjack, mas acabou sendo pego no ato. Apesar de sua iniciativa corajosa e
bem-intencionada, a NSA havia pago caro. A EFF
ganhou força, Fontaine perdeu credibilidade junto ao Congresso e, pior de tudo, a
agência saiu do anonimato. De um instante para outro 187
surgiram donas-de-casa no interior do país reclamando com seus provedores de
Internet que a NSA poderia estar lendo seus e-mails. Como se a NSA estivesse