Page 226 - Fortaleza Digital
P. 226

Ela não respondeu.
      Ele lamentou ter pulado sobre ela sem necessidade. Seus nervos estavam em
      frangalhos, pois estava lidando com problemas demais ao mesmo tempo. Havia
      muitas coisas que apenas ele sabia, coisas que não contara para Susan e esperava
      nunca ter que contar.
      - Peço desculpas - disse, mais calmo. - Me diga o que aconteceu. Ela lhe deu as
      costas.
      - Não importa. O sangue não é meu. Apenas me tire daqui.
      - Você está machucada? – Strathmore colocou a mão sobre seu ombro. Ela se
      contraiu, afastando-se ligeiramente. Ele deixou cair o braço e olhou para baixo.
      Quando voltou a encarar Susan, ela estava olhando sobre seus ombros para algo
      na parede.
      Ali, em meio à escuridão, um pequeno teclado numérico brilhava intensamente.
      Strathmore seguiu o olhar dela e franziu a testa. Ele esperava que ela não notasse
      o painel iluminado que controlava seu elevador privativo. Strathmore e seus
      convidados das altas esferas do poder usavam aquele elevador para entrar e sair
      da Criptografia sem serem vistos pelo restante da equipe. Ele descia 50 metros
      abaixo do domo da Criptografia e depois se movia lateralmente por uns 100
      metros, através de um túnel subterrâneo reforçado, saindo no subsolo do
      complexo principal da NSA. O elevador recebia energia do complexo central e,
      portanto, estava funcionando apesar da falta de luz na Criptografia. O
      comandante sabia o tempo todo que ele estava funcionando, mas, mesmo quando
      Susan estivera socando a saída principal lá embaixo, ele não disse nada.
      Strathmore não podia deixar que Susan saísse; ainda não. Ponderou o quanto teria
      que lhe contar para fazer com que ela se dispusesse a ficar.
      256
      Susan o empurrou e correu para a parede onde estava o elevador. Apertou
      furiosamente os botões iluminados.
      - Por favor, vamos - ela implorou. Mas a porta não se abriu.
      - Susan, esse elevador requer uma senha - disse Strathmore, ainda com voz baixa
      e controlada.
      - Uma senha? - repetiu ela, com raiva, olhando para os controles. Abaixo do
      teclado numérico principal havia um segundo teclado, menor, com botões
   221   222   223   224   225   226   227   228   229   230   231