Page 288 - Fortaleza Digital
P. 288
Duas pessoas... uma. Hulohot chegou a seu alvo. Como um dançarino executando
uma coreografia ensaiada, virou-se para a direita. Colocou a mão no ombro do
blazer cáqui, apontou a arma e atirou. Dois ruídos secos e abafados.
O corpo ficou rígido no mesmo instante. Depois começou a cair. Hulohot segurou
sua vítima por baixo dos ombros. Em um único gesto, girou o corpo e colocou-o
em um banco antes que as manchas de sangue se espalhassem pelas costas. A
seu redor, as pessoas se viravam. Ele não lhes deu atenção. Em um instante, teria
sumido. Apalpou os dedos do morto procurando o anel. Nada. Apalpou de novo.
Não havia anel algum. Irritado, Hulohot examinou as feições do homem. Ficou
ainda mais furioso quando viu que aquele não era Becker.
Rafael de La Maza, um bancário que morava nos subúrbios de Sevilha, morreu
quase instantaneamente. Ainda segurava nas mãos as 50 mil pesetas que um
americano esquisito havia lhe dado em troca do blazer preto que estava usando.
330
CAPÍTULO 94
Midge Milken estava ao lado do bebedouro próximo à entrada da sala de
reuniões. Que diabos Fontaine está fazendo? Amassou seu copinho e jogou-o com
raiva dentro da lixeira. Alguma coisa está errada na Criptografia! Eu posso
sentir! Só havia uma maneira de provar que ela estava certa: iria até a
Criptografia ela mesma. Se necessário, arrastaria Jabba. Virou-se e dirigiu-se
para a porta.
Brinkerhoff apareceu, como se tivesse saído do nada, barrando seu caminho. -
Para onde você vai?
- Para casa! - mentiu.
Ele se recusou a deixá-la passar.
Midge fulminou-o com o olhar.
- Fontaine lhe disse para não me deixar sair, não foi?
Brinkerhoff olhou em volta, sem jeito.
- Chad, há alguma coisa acontecendo lá na Criptografia. Algo grande. Não sei
por que Fontaine está se fazendo de tolo, mas sei que o TRANSLTR está com
problemas. Algo está errado por lá esta noite.