Page 535 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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extensa  planície  de  relva  rasteira  e  bela,  que  se  estendia  em  todas  as
                  direções, quase no mesmo nível do Mar de Prata.
                  Como sempre acontece em uma planura sem árvores, parecia que o céu se
                  juntava com a relva, lá longe. Quando avançaram mais, tiveram a estranha
                  sensação de que, pelo menos ali, o céu descia de fato e unia-se à terra – em
                  uma  parede  muito  azul,  muito  brilhante,  mas  real  e  concreta,  parecendo
                  vidro. Depois tiveram a certeza total. Estavam agora muito perto. Entre eles
                  e a base do céu havia algo tão branco que, até mesmo com seus olhos de
                  águia,  dificilmente  poderiam  fitar.  Continuaram  e  viram  que  era  um
                  cordeiro.

                         – Venham almoçar – disse o Cordeiro na sua voz doce e meiga.

                         Notaram  que  ardia  sobre  a  relva  uma  fogueira,  na  qual  se  fritava
                  peixe.  Sentaram-se  e  comeram,  sentindo  fome  pela  primeira  vez  desde
                  muitos dias. E aquela comida era a melhor de todas as que haviam provado.

                         – Por favor, Cordeiro – disse Lúcia –, é este o caminho para o país de
                  Aslam?
                         – Para vocês, não – respondeu o Cordeiro. – Para vocês, o caminho
                  de Aslam está no seu próprio mundo.

                         – No nosso mundo também há uma entrada para o país de Aslam? –
                  perguntou Edmundo.

                         – Em todos os mundos há um caminho para o meu país – falou o
                  Cordeiro. E, enquanto ele falava, sua brancura de neve transformou-se em
                  ouro  quente,  modificando-se  também  sua  forma.  E  ali  estava  o  próprio
                  Aslam, erguendo-se acima deles e irradiando luz de sua juba.

                         –  Aslam!  –  exclamou  Lúcia.  –  Ensine  para  nós  como  poderemos
                  entrar no seu país partindo do nosso mundo.

                         – Irei ensinando pouco a pouco. Não direi se é longe ou perto. Só
                  direi  que  fica  do  lado  de  lá  de  um  rio.  Mas  nada  temam,  pois  sou  eu  o
                  grande  Construtor  da  Ponte.  Venham.  Vou  abrir  uma  porta  no  céu  para
                  enviá-los ao mundo de vocês.
                         – Por favor, Aslam – disse Lúcia –, antes de partirmos, pode dizer-
                  nos quando voltaremos a Nárnia? Por favor, gostaria que não demorasse...

                         – Minha querida – respondeu Aslam muito docemente –, você e seu
                  irmão não voltarão mais a Nárnia.

                         – Aslam! – exclamaram ambos, entristecidos.

                         –  Já  são  muito  crescidos.  Têm  de  chegar  mais  perto  do  próprio
                  mundo em que vivem.
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