Page 530 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Tudo branco.
– É também o que vejo. Não faço idéia do que seja.
– Se estivéssemos numa latitude alta, diria que era gelo. Mas aqui
não pode ser. Em todo o caso, acho melhor pôr os homens ao remo e
agüentar o barco contra a corrente. Não podemos ir contra aquilo com esta
velocidade.
Começaram a navegar lentamente. A brancura não desvendou seu
mistério quando se aproximaram. Se era uma terra, devia ser uma terra
muito estranha, pois parecia tão macia quanto a água e no mesmo nível
desta.
Perto, Drinian virou o navio para o sul, de modo que ficasse com ele
atravessado na corrente, e remou um pouco ao longo da orla branca de
espuma. Descobriram que a corrente tinha apenas uns vinte metros de
largura e que o resto do mar estava tão calmo quanto um lago. A tripulação
alegrou-se imensamente com isso, pois todos pensavam que seria bem
difícil a viagem de regresso ao país de Ramandu, remando contra a corrente
durante o caminho todo.
Isso explicava por que a pastora desaparecera tão rapidamente. Não
estava na corrente; se estivesse, teria se deslocado para leste com a mesma
velocidade do navio. Mas ninguém conseguira ainda compreender o que
era a coisa branca. Baixaram o bote e resolveram investigar. Os que
ficaram a bordo do Peregrino viram o bote cortar pelo meio da brancura e
ouviram as vozes dos tripulantes na água em calmaria. Houve uma pausa,
enquanto Rinelfo, na proa do bote, lançava o prumo. Depois regressaram.
Apinharam-se todos na amurada, curiosos:
– São lírios! – gritou Rinelfo. – Como num tanque de jardim.
Lúcia ergueu os braços úmidos, cheios de pétalas brancas e de largas
folhas espalmadas.
– Qual é a profundidade, Rinelfo? – perguntou Drinian.
– Aí é que está, capitão. Ainda é muito fundo.
– Não podem ser lírios, pelo menos não aquilo que chamamos de
lírios – resmungou Eustáquio.
Provavelmente não eram, mas pareciam. Conferenciaram e lançaram
o Peregrino na corrente, começando a deslizar para leste, pelo Lago dos
Lírios ou Mar de Prata, e aí começou a parte mais estranha da viagem. O
oceano largo que haviam deixado nada mais era do que uma estreita fita
azul perdendo-se no horizonte.