Page 525 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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cavaleiros  fizeram  o  mesmo  com  as  lanças.  Os  rostos  das  mulheres
                  mostravam espanto. Lúcia tinha a certeza de que não haviam visto antes um
                  navio, nem um ser humano. E como poderiam ter visto, se aqueles mares
                  ficavam para lá do Fim do Mundo?

                         – Para onde está olhando, Lu? – perguntou uma voz, atrás dela.

                         Ela estava tão absorvida que se sobressaltou, notando ao virar-se que
                  tinha o braço dormente, por ter ficado tanto tempo encostada na amurada.
                  Drinian e Edmundo estavam junto dela.

                         – Olhem só! – disse.
                         Olharam ambos, mas Drinian disse em voz baixa:

                         –  Virem-se  imediatamente,  Altezas,  com  as  costas  viradas  para  o
                  mar. E não dêem a impressão de que conversam algum assunto importante.

                         – Por quê? Que história é essa? – disse Lúcia, obedecendo.

                         –  Os  marinheiros  não  devem  ver  aquilo  –  respondeu  Drinian.  –
                  Ficariam apaixonados pelas mulheres do mar e pulariam lá dentro. Já ouvi
                  falar de casos como este. Dá azar ver aquela gente.

                         –  Mas  nós  os  conhecemos  –  disse  Lúcia.  –  Nos  tempos  de  Cair
                  Paravel,  quando  meu  irmão  era  o  Grande  Rei,  vieram  à  superfície  e
                  cantaram em nossa coroação.
                         – Deviam ser de uma raça diferente, Lu – disse Edmundo. – Viviam
                  tanto no ar quanto na água. Estes não devem viver no ar. Se pudessem, já
                  teriam vindo à superfície atacar-nos. Parecem ferozes.

                         – De qualquer modo... – começou Driniam, sendo interrompido pelo
                  ruído de um choque na água e um grito na torre de combate: – Homem ao
                  mar!

                         Todos  entraram  em  ação.  Alguns  marinheiros  subiram  ao  mastro
                  para colher a vela, enquanto outros corriam para os remos. Rince, às voltas
                  com  a  roda  do  leme,  procurava  chegar  ao  homem  que  tombara.  Nessa
                  altura, porém, todos já sabiam que não era propriamente um homem, mas
                  Ripchip.

                         – Diabos levem esse rato! – praguejou Drinian.
                         – Dá mais trabalho do que todo o resto da tripulação. Se há qualquer
                  encrenca, ele está no meio.

                         Devia ser posto a ferros, atado na quilha, largado numa ilha deserta,
                  ou ter os bigodes cortados!

                         Alguém está vendo o engraçadinho?
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