Page 532 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Caspian – disse Edmundo, rápida e gravemente –, não pode fazer
isso!
– Não pode, senhor, não pode! – confirmou Drinian.
– Não posso? – disse Caspian, com dureza, parecendo por um
instante seu tio Miraz.
– Perdão, Majestade – disse Rinelfo, lá embaixo no convés –, mas se
algum de nós fizesse o mesmo isto se chamaria desertar.
– Você está abusando demais dos seus grandes serviços, Rinelfo –
disse Caspian.
– Senhor, ele tem razão – disse Drinian.
– Pela juba de Aslam! Achava que eram todos meus súditos e não
meus chefes!
– Não sou seu súdito – falou Edmundo. – E também sou de opinião
de que não pode fazer isso.
– Outra vez não pode! – exclamou Caspian. – Afinal, o que querem
dizer com não pode?
– Se me permite, Majestade – interveio Ripchip, curvando-se numa
profunda reverência –, queremos dizer que não fará. Não pode lançar-se
em aventuras como qualquer um. Se Vossa Majestade não nos atender, os
homens mais fiéis ver-se-ão obrigados a desarmá-lo e prendê-lo, até que
recobre o bom senso.
– De acordo – disse Edmundo. – Como Ulisses quando quis chegar
perto das sereias.
A mão de Caspian já segurava a espada quando Lúcia disse:
– Prometeu à filha de Ramandu que voltaria... Caspian deteve-se.
Depois gritou para todo o navio:
– Ganharam! A questão está encerrada. Voltaremos todos. Puxem
outra vez o bote.
– Senhor – disse Ripchip –, não voltaremos todos. Como já expliquei
antes...
– Silêncio! – trovejou Caspian. -Já recebi minhas lições. Não há
ninguém que faça calar esse rato?
– Vossa Majestade prometeu ser um bom rei para todos os Animais
Falantes de Nárnia – disse Ripchip.
– Para os Animais Falantes, sim. Não para os animais que falam o
tempo todo.