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Desabafos de uma mente confinada (conclusão)
Então, e como dizem que temos de ver o lado bom das coisas, porventura, toda esta situação tenha também
algo positivo. A meu ver ajudou-nos a percecionar e a apreciar as pequenas coisas (como sair de casa) boas e
más, da nossa existência. Antes vivíamos constantemente atarefados, a correr contra o relógio, nem tínhamos
tempo para olhar nem para o exterior nem para dentro de nós mesmos. O confinamento veio dar-nos essa oportu-
nidade e acredito que, alguma parte deste leque de sentimentos negativos que todas as pessoas têm sentido, se
deva a nunca termos aprendido a conviver connosco e a conhecermo-nos a nós mesmos, o que realmente é um
processo difícil, que leva a um crescimento emocional muito grande.
Assim, quero que esta pandemia não seja só uma época escura, mas que também seja uma época de aprendi-
zagem. Quero que, no fim desta saga, nos tenhamos tornado uma sociedade mais tolerante, mais conhecedora
do mundo, uma sociedade que, por vezes, sai à rua com os olhos de uma criança que aprecia tudo o que vê por-
que não se apressa e sabe que tem todo o tempo do mundo. Desta forma, queridos leitores, partilho convosco,
hoje, este desabafo, um pedaço do que me passa pela cabeça todos os dias em que estou confinada, com um
cheirinho da ansiedade e da angústia que sinto e que sei que muitos também sentem. Espero deixar-vos com um
bocadinho de esperança de que vamos sair mais fortes e talvez melhores pessoas. Quero que todos saibam que
não estão sozinhos e tudo o que sentem neste momento complicado é normal; se precisarem de ajuda devem
falar com os vossos familiares, amigos, professores.
Matilde Nogueira, n.º 2, 12.º CT3
O quão é bom estarmos perto
Estar perto na distância, mas o que é estar perto na distância? Bom, na verdade, muita gente não sabia o
que era, mas, infelizmente ou felizmente, a pandemia veio ensinar-nos o que é estar perto e ao mesmo tempo estar
longe.
Parece impossível estarmos tão perto de alguém e sentirmo-nos tão distantes, não podermos abraçar quem
mais gostamos, estar com amigos sem pensar que podemos contrair o vírus, não podermos viajar para certos paí-
ses sem termos de fazer quarentena ou até mesmo o simples facto de não conseguirmos ver as caras dos desco-
nhecidos que encontramos na rua. Tudo isto era inacreditável para a maioria de nós, pelo menos, há pouco mais de
um ano quando ainda não estávamos confinados nem tão pouco acreditávamos em tal coisa.
Neste momento, já temos mais estabilidade, no sentido em que já sabemos mais acerca deste vírus, mas
mesmo assim ainda parece impossível e continuamos com a sensação de que nunca mais acaba e que nunca mais
vamos voltar à normalidade, nunca mais largamos as máscaras e o desinfetante para todos os sítios a que vamos...
A forma como temos de nos comportar perante este vírus leva muitas pessoas a um estado de profundo can-
saço, medo, tristeza e insegurança, pois com a presença deste vírus o nosso futuro torna-se ainda mais incerto.
Mesmo assim, o que nos tem salvado as relações e de certa forma os convívios entre amigos e família... são
sem dúvida as videochamadas, os chats online, etc. Sem estes meios, era praticamente impossível sobrevivermos
a tudo isto, não só pela parte psicológica, que por si só já é bastante relevante, mas também através do trabalho,
pois muitas das pessoas tiveram que adotar o teletrabalho como forma de adaptação a esta realidade ou até mes-
mo os estudantes, que atualmente têm uma forma diferente de aprender, em que têm de estar mais distantes dos
colegas, professores, auxiliares, etc. Na escola, têm muitas das aulas condicionadas devido ao vírus e volta e meia
têm de ficar de quarentena porque um dos colegas ou familiares contraiu o vírus.
Contudo, pode até dizer-se que nunca estivemos tão perto e tão longe ao mesmo tempo desde que a pande-
mia começou, mas se pensarmos bem, este vírus ensinou-nos e ainda nos continua a ensinar imenso, pois não é
por acaso que se escrevem textos a falar sobre o que é «Estar perto na distância».
Diana Silva, 10.º SE1
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