Page 253 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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parecendo-se a Victor se aproximou, ao invés de reconhecer seu cunhado
percebeu que o ser que chegava era alguém diferente de todos que havia visto
até então, muito embora fosse também um homem alado.
E à medida que o estranho personagem se acercava, Cesar ia compreendendo
que se tratava do primeiro representante dos chamados alados Livres que iria
conhecer.
Uma sensação inexplicável o fez intuir que aquele seria também um dos mais
importantes seres a cruzar sua existência e só com vê-lo Cesar foi capaz de
entender toda a extensão das diferenças entre Mantos e Livres. E entenderia
também sobre o que se sustentava toda a organização daquela sociedade
extraordinária.
A grande, a enorme questão entre as duas raças de alados a formarem a
sociedade Res Sas alicerçava-se nas diferenças dos formatos das suas asas.
Na morfologia dos Livres as asas projetavam-se a partir de um único ponto
de contato em suas costas de onde surgiam sem nenhuma ligação a músculos
dorsais, deixando os braços completamente livres e fazendo lembrar as asas
de anjinhos querubins da tradição cristã. Era uma aparente vantagem, mas
que cobrava o pesado tributo de provocar o desequilíbrio no andar além de
impossibilitar a sustentação dos corpos durante o voo para alcançarem
grandes alturas pela falta de aderência das asas a músculos fortes nas costas.
E essa incapacidade dos Livres garantia aos Mantos uma supremacia
inquestionável e invencível porque nos picos das montanhas acima dos seis
mil metros era que se cultivava adequadamente a Ninasisanuna (alma da flor
do fogo) e se produzia o alimento derivado da Aska, sua flor branca.
E agora Cesar estava prestes a conhecer o mais importante representante dos
Livres da sociedade Res Sas, pois Nuna Sapaki se aproximava.