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Mais tarde Cesar descobriria ser esse andar deselegante uma característica dos
Livres, precisamente em consequência da morfologia das suas asas e
acentuada em Nuna Sapaki por sua idade avançada.
Completamente sincero em sua dedicação à ciência, Nuna Sapaki encarou com
muita seriedade a incumbência de descobrir tudo acerca dos três
extraordinários personagens. Estarrecido por encontrá-los naquela altura
impossível à maioria dos seres, altura para a qual mesmo ele precisava ser
alçado, carregado por outros cinco alados Mantos em uma espécie de liteira
levada pelos ares.
Para chegar a esta e outras respostas o velho cientista anunciou que os
incluiria no seu cotidiano pelo tempo necessário às suas investigações.
E assim, passou a conviver estreitamente com eles. Dedicou-se a estudá-los.
Fez exames, desenhos, fotografias, filmagens. Pesou-os, mediu-os, vasculhou
com raios X o interior dos seus corpos, colheu e analisou seus fluídos e dejetos,
amostras de peles, sangue, pelos, unhas. Fez milhões de perguntas, preencheu
questionários com incontáveis respostas, cruzou informações, pediu que
caminhassem ou se imobilizassem, saltassem, se agachassem, rolassem ou
deitassem em posições específicas, aplicou uma infinidade de testes com
figuras, textos, sons, deu-lhes de comer e beber alimentos diversos. Observou-
os em todos os pequenos afazeres do dia-a-dia e monitorou-os durante às
noites enquanto dormiam.
E ao final de três semanas, três dias e quatro horas de incessantes estudos e
avaliações concluiu que eram representantes de espécies completamente
distintas entre si e desconhecidas para os Res Sas. Que não deviam estar
naquelas montanhas entre seres alados, que sua existência era enormemente
improvável e que não era razoável e nem mesmo possível que fossem
encontrados ali, naquele lugar e época ou sequer que estivessem vivos.
Cesar ficou deliciado.