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se afligia por não conseguir identificar o que era aquilo. Na sua incapacidade
de voltar à realidade, Cesar precisava desesperadamente da ajuda de Victor.
Mas Victor estava enfarado, cansado demais, velho demais, preocupado
demais, também com Cesar, mas sobretudo com sua própria vida que
começava a avaliar como equivocada.
E foi com essa disposição, que Victor recebeu a solicitação do político, JM.
Yana para um encontro que normalmente ele não teria sequer considerado a
possibilidade de atender.
JM.Yana como ficara conhecido nacionalmente após registrar esse nome em
cartório para poder usá-lo como uma espécie de marca, ao se lançar na política
nacional, era uma das poucas pessoas a quem o Gatopardo não conseguia
ignorar e esquecer completamente.
E detestava-o conscientemente.
Conhecera-o há muitos anos durante o triste episódio dos três marceneiros que
haviam sido mortos em Mayuasiri Pacha, e fora através da interferência de
Victor, à época, que Julião Mathamatos se aproximara dos poderosos e
encontrara portas abertas que ele soubera manter acessíveis usando para isso
sem nenhum escrúpulo o nome de Victor sempre que julgava necessário, até
poder apoiar-se em seu próprio prestígio sustentado pelos muitos votos
conseguidos com sua retórica populista e um carisma indiscutível.
Construiu uma sólida influência política. Uma influência que o tempo provou
a Victor ser infinitamente nefasta.
Ser obrigado a reconhecer a própria participação na carreira política de
JM.Yana, ainda que indireta, parcialmente involuntária e restrita há um
passado de décadas, fazia Victor sentir um mal estar bem definido e palpável.
Algo que apenas Cesar, se estivesse consciente, conseguiria compreender em
sua plenitude.