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Victor, isolado da vida pública, assistia com preocupação o que acreditava ser
uma nova e perigosa forma de latifúndio.
Os líderes Yana eram todos seus conhecidos com quem ele negociara uma
infinidade de vezes e que ainda o consideravam amigo porque não esqueciam
todo o trabalho e o esforço de Victor para assegurar-lhes a posse legal de
Mayuasiri Pacha, conseguida depois de anos incontáveis de negociações e
lutas em que Victor exerceu sua influência intransigente. Além de nunca
esquecerem a sua defesa ferrenha ao povo Yana quando foram injustamente
acusados pela disseminação da terrível epidemia que assolara a região.
Por tudo isso os anciãos Yana mantiveram relações de amizade e respeito a
Víctor e um canal de diálogo sempre aberto.
Mas Victor partiu de Terra Alta. A princípio com a companhia apenas de
Cesar e mais tarde, resgatando Isabeau para viver com eles, manteve-se
completamente afastado por longos, quatorze anos e depois, quando retornou
da sua crise de identidade com a própria história, com sua origem e com
Isabeau e Cesar, a única família que lhe restou, Victor optou por viver recluso.
Nunca voltou a assumir seu papel político atuante.
Passou a acompanhar os acontecimentos na cidade e na região de Terra Alta
e no país, muito bem instalado na sua poltrona favorita na biblioteca do velho
casarão Gatopardo. E se afastou completamente até mesmo da presidência e
da convivência com os frequentadores do Clube Internacional de Havanófilos.
E foi da comodidade dessa mesma poltrona, na comodidade e isolamento da
sua biblioteca que Victor assistiu à rápida e ininterrupta ascensão de
JM.Yana.
Observou as suas vitórias em sucessivas eleições para cargos executivos cada
vez mais importantes e reconheceu o poder de sua retórica carismática
envolvendo mentes e corações, em especial entre os Yana que viviam fora dos
muros de Mayuasiri Pacha, os chamados Yana de Fora.