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E este fato fez soar, em Victor, um alarme sobre a seriedade da situação.
O Gatopardo ficou atônito porque conhecia melhor do que ninguém a enorme
influência de Mayuasiri Pacha com sua aura religiosa, que a transformava
num autêntico solo sagrado, uma relíquia para todos os Yana, um povo
reconhecido por seu fanatismo e pela absoluta obediência aos seus anciãos.
E ainda assim, os Yana de Fora desertaram seus velhos líderes.
O lugar sempre fora uma espécie de santuário para a comunidade e seus
anciãos, os representantes diretos da divindade.
Até a sua situação física fora cuidadosamente escolhida e mantida e era
indiscutivelmente simbólica. Os líderes conselheiros sempre fizeram absoluta
questão de habitar exatamente o centro do lugar, com suas terras e o rio
cantante, suas plantações e ricas construções e os muros altíssimos, facilmente
classificados como muralhas físicas, mas também e principalmente muralhas
espirituais. Tudo ali cultivava um significado simbólico místico. Eles haviam
se transformado e eram, literalmente, o centro da vida e da alma Yana.
E, no entanto, assim mesmo, apesar de toda a devoção religiosa e o fanatismo
do povo, a maior parte das famílias de fora das muralhas começou a rejeitar
abertamente a antiga dominação dos anciãos e a contestar sua liderança na
esteira das ideias incutidas por JM. Yana.
E esse acontecimento agravado, como Victor observou, pela relativa rapidez
com que ocorreu, com as famílias Yana de Fora passando a recusar as velhas
líderanças com facilidade espantosa, hipnotizados pelos discursos dramáticos
de JM.Yana, foi, para Victor, um sinal incrivelmente perturbador.
E quando JM.Yana abandonou os subentendidos e começou a atacar
frontalmente os anciãos e a questionar seus costumes e duvidar de sua
legitimidade, Victor observou estarrecido a comunidade em peso ficar a favor