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E não se tratava de um alado qualquer, mas alguém de grande prestígio e
importância, o líder dos Askarunas, o equivalente à classe dos cientistas nas
sociedades humanas.
Logo Cesar concluiria que Nuna Sapaki era um verdadeiro fenômeno para o
povo alado, pois sua condição de alado Livre e, portanto, inferior socialmente,
havia sido superada por sua grande capacidade intelectual e por sua disciplina
para o trabalho.
Cesar manteve tais credenciais bem vívidas em seu espírito enquanto o
observava chegar. Ficaram frente à frente, Cesar Astu Ninan e Nuna Sapaki.
O alado se apresentou a Cesar anunciando que por determinação do líder
Odaye Therak ficara encarregado de descobrir o mistério que os envolvia, a
ele e aos seus amigos animais.
E Cesar o ouviu ao mesmo tempo em que observava as grandes asas com
enormes corcovas emplumadas aparecendo acima e por trás da cabeça de
Nuna Sapaki, criando a ilusão dele ser muito mais maciço e pesado do que os
outros alados vistos até então.
Admirou a beleza do cinza azulado, com nuances peroladas mais suaves,
predominante em toda a fina penugem que lhe cobria o corpo, mas que tinha
o efeito de fazer Nuna Sapaki lembrar um grande bloco de cimento a se
chacoalhar. Notou o olhar incrivelmente inteligente, perspicaz, brilhando na
face aquilina, que deixava transparecer serenidade, bondade e honradez.
Tudo isso chamou a atenção de Cesar, mas a característica que marcou para
sempre cada uma das suas lembranças sobre aquele primeiro encontro foi o
andar meio desequilibrado que fazia lembrar um bêbado e que Cesar
classificou como desengonçado.