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Capítulo 20 Illatiksi – A Origem da Luz
Ainda que Cesar Astu Ninan estivesse bastante familiarizado com a prática
da meditação profunda, o ar extremamente gelado à beira do pequeno lago
naquele local esquecido pelos homens prejudicava sua capacidade para a
interiorização.
Estava numa das margens, muito próximo à linha d’água, acomodado sobre
um banquinho rasteiro com apoio para os braços e para as costas as quais
ficavam totalmente sustentadas, desde a nuca, por um espaldar enorme e reto,
mantendo sua figura desengonçada comprida e magra, na altura ideal para
lhe possibilitar cruzar as pernas na posição tradicional dos meditadores e ao
mesmo tempo, perfeitamente assentadas no chão.
Cesar havia idealizado e construído o tal banquinho que era um prodígio de
genialidade, leve para carregar, fácil de armar e perfeito para os seus mais de
um metro e noventa de altura. Permitia-lhe o relaxamento total do corpo e o
acalmar adequado da mente para ele conseguir interiorizar o silêncio na sua
busca com a conexão cósmica.
Enrolara-se num poncho de lã de vicunha, tecido com as cores ocre e vermelha
da terra e estampado com as figuras estilizadas dos animais dos Andes, sob o
qual ainda vestia o traje rústico que se acostumara a usar. As calças jeans com
reforços em couro, uma camisa de flanela desbotada com mangas compridas,
o chapéu de cowboy firmemente enfiado na cabeça e as mãos calçadas com
luvas de couro macio num amarelado desmaiado. Cumulara-se de roupas num
esforço para se proteger ao máximo do ar gelado da madrugada no deserto,
mas ainda assim o frio era profundo e o incomodava.
Em completo silêncio para não perturbar a meditação do amigo que o
acompanhava, Cesar apenas abriu os olhos, mas fez isso no momento exato
em que o sol começava a surgir no horizonte infinito e os raios avermelhados