Page 325 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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Estava completamente só, separado do seu amigo e sem saber o que havia
acontecido com ele, e mesmo seus chamados mais insistentes não receberam
resposta até muito mais tarde quando dois homens armados e parecendo
absolutamente hostis, vieram para perto dele e o observaram por alguns
minutos.
Ao primeiro movimento de Cesar tentando se erguer, responderam com
violentas coronhadas das armas nas suas faces que o deixaram tonto e com
imediatas rasgaduras na pele, que latejou dolorosamente, onde afloraram
finas linhas de sangue.
Foram-se, deixando-o tonto, machucado e furioso. Sem responderem a
nenhuma de suas perguntas. E todo o tempo Cesar pensava em Victor, em sua
irmã e no seu amigo indígena, lutando para compreender o que teria
acontecido e revivendo o terrível instante em que vira sua irmã e Víctor,
caírem, atingidos por tiros. Ao imaginá-los feridos, talvez mortos, ao pensar
em especial em Victor, sentia seu coração se confranger.
Tudo lhe doía, sentia aflições infinitas, no peito e no estômago como se prestes
a ter um ataque súbito e então se obrigava a bloquear os pensamentos.
Era um pesadelo.
E onde estariam? E por Deus... o que teria acontecido a Victor, o que teria
acontecido a eles?
Que tormento. O que deveria fazer? O que poderia fazer?
E o tempo ia passando. Cesar não saberia dizer quanto tempo. Algumas
horas? Um dia? Dias? Viu-se completamente desconectado da percepção do
transcorrer do tempo.
Seus captores voltaram e com rudeza o fizeram beber alguma coisa, que pelo
gosto, era água suja, mas Cesar estava com tanta sede que não se importou.
Tentou se erguer novamente e mais uma vez recebeu no rosto, já intumescido,