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o duro golpe da coronha da arma, caiu sobre os joelhos e viu o precioso gole
                      d’água desperdiçado, esparramado sobre a terra socada e árida.


                      Ficou largado meio desmaiado, preso pelos pulsos nas correntes.

                      E as horas continuaram passando sobre seu delírio.

                      Cesar nunca conseguiu medir com precisão por quanto tempo durou aquele
                      encarceramento cruel. Lembrava-se de que tantos foram os golpes em suas
                      faces com as coronhas das armas, que começou a contar a passagem das horas
                      pela sensação da dor nos cortes e nos inchaços do rosto, sentia que estava todo
                      intumescido e febril, sentia os lábios enormes e um pouco como se estivesse
                      anestesiado e que essas sensações iam, aos poucos, diminuindo, ajudando-o de
                      alguma forma, criar alguma consciência do tempo transcorrido. A dor ia se
                      aplacando e o sangramento diminuindo e então ele pensava que já era hora
                      dos seus carcereiros atormentadores voltarem e invariavelmente os homens
                      armados voltavam, ele tentava se erguer, exigir explicações e apanhava de
                      novo.

                      Esta  cena  teria  se  repetido  uma  infinidade  de  vezes,  quantas?  Centenas?

                      Milhares de vezes? Cesar não saberia dizer.

                      Até que um dia e, Cesar não saberia dizer quantos dias após ele haver sido
                      deixado na jaula, acorrentado, os homens vieram, deram-lhe de beber a água
                      insalubre e não bateram nele porque Cesar, desta vez, permaneceu sentado,
                      sem nenhuma tentativa para se erguer ou falar.

                      Na próxima visita trouxeram-lhe comida. Uma coisa pastosa e horrível que
                      Cesar não conseguiu identificar, mas que ele comeu sem um mínimo de revolta
                      porque se decidiu sair daquela jaula com vida.

                      Incorporando-se  de  uma  força  impossível,  Cesar  permaneceu  silencioso  e
                      calmo. Recebia a comida e a bebida e teria agradecido de joelhos, caso lhe
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