Page 327 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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permitissem se ajoelhar, quando lhe trouxeram roupas limpas para substituir
às que usava, agora imundas por seus próprios dejetos.
Uma sabedoria superior convenceu-o de que se continuasse com aquele
comportamento pacato, talvez, logo tivesse direito a um banho.
Ele mesmo começava a mal aguentar o próprio fedor.
Até que chegou o dia em que o puseram de pé com puxões rudes e enquanto
um deles metia na boca de Cesar o cano de uma espingarda, que Cesar havia
identificado com facilidade como uma sofisticada espingarda de repetição que
deveria ser usada exclusivamente pelas forças armadas da maioria dos países,
o outro abria o cadeado que lhe fechava as correntes ao redor dos pulsos.
Depois o vendaram e o empurraram, aos tropeções, para fora da cabana.
Apesar da venda negra a lhe cobrir os olhos Cesar soube que era dia, que havia
um sol forte e que havia pessoas se movimentando ao redor.
Prenderam-lhe as mãos nas costas com corda e um nó terrivelmente apertado
que lhe causava sofrimento e foram empurrando-o, indicando o caminho que
devia seguir com os cutucões dos canos das armas.
Cesar foi caminhando e ouvindo vozes variadas, desconhecidas, no dialeto que
ele não entendia, mas pode perceber claramente que naquele lugar havia
homens, mulheres e crianças.
Caminharam para longe das vozes e logo o sol já não lhe aquecia os ombros e
o chão começou a ficar muito irregular fazendo-o tropeçar repetidas vezes,
então Cesar entendeu que se embrenhavam na mata, seguindo por uma trilha
mais e mais estreita à medida que seguiam em frente.
Caminharam por aproximadamente uma hora e então pararam e o fizeram
sentar sobre pedras e folhas e o acorrentaram novamente a um tronco.
Ali Cesar ficou preso e com os olhos vendados, por muito tempo.