Page 369 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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à mostra, suas enormes asas completamente formadas e que os sustentariam
no ar quando, um a um, se lançassem do alto do abismo para o voo que os
tornaria os mais novos adultos alados do império Res Sas.
O céu dos Andes se encheria com os soberbos corpos de jovens seres alados
planando sobre o abismo. Sustentados por suas asas esplêndidas, enormes,
imóveis nas malhas invisíveis do ar que os envolvia e integrava como seu
único e verdadeiro elemento natural.
E só então o povo que os assistia, finalmente explodiria em aplausos e ovações
numa demonstração muito vibrante e espontânea da mais profunda
felicidade.
O silêncio, até então absoluto e profundo como o próprio abismo que os
assistia e que seria o palco da primeira grande performance dos jovens como
seres capazes da sublime ação de voar, seria quebrado para celebrar Mantos e
Livres, juntos em coreografias de vida e beleza. Então cresceriam risos,
aplausos, ovações e as vozes de todos se uniriam num único grito de vitória de
todo o povo e haveria o agitar das asas em sons farfalhantes provocando
pequenos vendavais.
Uma legítima e vibrante demonstração de satisfação pelo sucesso na
realização da árdua tarefa.
Enquanto isso, na extremidade oposta do grande platô acontecia, simultânea,
outra cerimônia tão importante e muito mais definitiva, protagonizada pelas
famílias daqueles seres que haviam sucumbido ao ciclo Samay, cujos
renascimentos deram lugar às mortes.
Estes eram levados em procissão cujo silêncio não seria quebrado nunca, para
serem deixados em altares de pedra por seus familiares e serem recebidos por
sacerdotes investidos de poderes especiais que detinham a sagrada tarefa de
esmagarem e triturarem seus corpos até separar as carnes para oferenda às