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Capítulo 24            A conversa no jardim



                      O jardim do lago, como era chamado, ficava numa leve depressão do terreno,
                      no extremo leste da propriedade e formava um dos mais belos recantos do
                      lugar.  Diferente  dos  demais  canteiros  de  Girassóis,  Ipês  e  Junquilhos
                      Amarelos,  ali  não  predominavam  as  flores  em  suas  explosões  de  cores  e
                      perfumes,  ou  os  troncos  poderosos  dos  Ipês  amarelos  que  sustentavam  os
                      cachos pesados e perfumados a se esparramarem pelos caminhos.


                      O  jardim  do  lago  era  quase  só  grama  rasteira de  um  verde  muito  claro  e
                      uniforme, perfeito como um tapete delicadamente tecido a se estender até o
                      pequeno lago que lhe dava o nome e no qual, um dia, Cesar pretendia criar
                      um casal de cisnes, mas cuja aquisição esperava por sua recuperação, senão
                      completa ao menos estabilizada.

                      Uma única linda e majestosa árvore crescia naquele canteiro à margem do
                      lago, um velho Salgueiro Chorão, imenso com sua aura de sabedoria de vida
                      eterna  e  tendo  em  frente  um  banco  de  jardim  onde  Cesar  se  entregava  à
                      contemplação  da  algazarra  das  araras  azuis,  empoleiradas  nos  galhos  da
                      árvore com o alvoroço de se acomodarem para o entardecer. Cesar inebriava
                      os olhos com o contraste do azul turquesa das aves misturado aos vários tons
                      de verde e ao cristal do espelho d’água ao fundo, refletindo as nuances do céu.

                      Facilmente uma tela de Claude Monet.


                      Victor foi encontrar o cunhado e ocupou o lugar ao lado dele, deixado vago
                      por Isabeau, poucos minutos antes.

                      Chegou sem a pretensão de uma grande conversa, na verdade queria apenas
                      uns instantes da velha e aconchegante camaradagem de tantos anos de um
                      convívio  cheio  de  confiança.  Ansiava  pelos  momentos  saudosos  em  que
                      ficavam, às vezes por horas, simplesmente fazendo companhia um ao outro,
                      sem necessidade de palavras.
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