Page 377 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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Agora o peso da confissão era tão grande que Victor se curvava sobre si
mesmo, com a cabeça pendendo contra o próprio peito latejante como se ali
estivesse uma feriada aberta. E para os olhos de Cesar, submetido ao poder de
um estado alterado de consciência, Nuna Sapaki imitava Victor, deixava
pender a cabeça emplumada, curvada sob uma mágoa gigante.
Victor sussurrou um brado de angústia que se repetiu na voz de Nuna Sapaki.
“__Não haverá limite para a loucura humana?”
Com um esforço desesperado Victor controlou a emoção na voz para continuar
sua confissão. Como o faria a alguma suprema autoridade moral, espiritual.
Alguém que, do alto, pudesse ouvi-lo.
“__Os anciãos em seu orgulho criminoso e fanático, com a conivência dos
gananciosos da alta cúpula do poder, JM.Yana e os dirigentes do Clube de
Havanófilos, para se perpetuarem no poder e continuarem recebendo fortunas com
a distribuição das drogas, instituíram uma prática de crueldade inimaginável
aplicada ao povo Yana. Para manipulá-los, para criar uma falsa aura divina
para os velhos líderes. E a crueldade foi aplicada sempre aos mais fracos, aos mais
jovens e influenciáveis, alguns, ainda crianças. Submetidos à insanidade desse
fanatismo para controlar as pessoas e roubar suas almas. É disso que se trata,
Cesar, o supremo crime.”
Com um profundo suspiro que evidenciava o mais absoluto cansaço, Victor ia
revelando tudo a Cesar, todos os pensamentos, sentimentos, raciocínios e a
linha de compreensão que o apoiava em suas conclusões.
“__Não é à toa o desespero de JM.Yana, ele não terá como se safar da
responsabilidade. Veio implorar minha ajuda. A invasão de Mayuasiri Pacha
revelará tudo. JM. Está com medo, confessou o que sabe na esperança de conseguir
amenizar sua pena, fez acusações também, ...foi muito hábil ao me lembrar minha
participação e, inegável responsabilidade, na conspiração com os anciãos, anos
atrás.”