Page 383 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
P. 383
O império Res Sas se esfacelava em milhões de corpos emplumados
destroçados e caídos dos céus. Transformando as neves eternas em imagens
salpicadas de sangue. Exércitos infindáveis de alados Livres haviam
alcançado as alturas impossíveis em que, por milhares de anos, apenas os
Mantos foram admitidos.
Os Mantos resistiam heroicamente sob o comando direto de Odaye Therak.
Por dias e noites incontáveis, lutavam a luta desesperada, mas o número
muito maior de Livres, afinal, se impôs à superioridade técnica dos guerreiros
Mantos, reconhecidamente muito mais ágeis e hábeis no uso das armas e
capazes de esplêndidas manobras nos ares.
Mas os Livres eram mais fortes, eram aguerridos, estavam furiosos,
convencidos da legitimidade da sua causa e eram em número centenas de
vezes, superior.
A estratégia dos Livres para a vitória foi simples e direta.
Atacaram e tomaram o controle total dos poucos postos de transporte para as
montanhas acima dos seis mil metros, içaram-se a si mesmos em grandes
cestas ligadas a cabos de aço e originalmente usadas para escoarem as safras
da Ninasisanuna sob a força de mecanismos de tração e invadiram os templos
da seiva da flor branca.
Os milhares de Mantos exaustos demais pelos dias e noites de batalhas
incessantes em que não podiam parar sequer um segundo para o mínimo
descanso ou para se alimentarem, sendo atacados sem parar pelos
contingentes de alados Livres revigorados por muitas horas de sono,
descansados, bem alimentados, recuperados de suas dores e ferimentos e
constantemente amparados por companheiros, prontos a tomarem seus
lugares ao menor sinal de fadiga ou ao mais leve ferimento, não conseguiram
defender suas posições.
Mas os Livres não receberam nunca a rendição dos Mantos.