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Odaye Therak morreria lutando.
E com ele seu devastado exército que rapidamente começava a se parecer com
um contingente de almas penadas. Ao final, eram pouco mais de uma dezena
de alados Mantos e um número ainda menor dos pouquíssimos alados Livres
que haviam se mantido fiéis ao AntZiien e aos ensinamentos e costumes dos
ancestrais.
Entre eles, Nuna Sapaki.
Um Nuna Sapaki sofrido, abatido e humilhado alado Livre, com suas asas
cinza azuladas se erguendo por trás de uma cabeça, agora totalmente grisalha,
incrivelmente igual à cabeça de Victor Gatopardo com quem se confundia
diante da perplexidade de um Cesar Astu Ninan incapaz de dizer qualquer
coisa eficaz para aplacar sua dor.
A percepção de Cesar estava envolvida pelas vidas misturadas nas dimensões
do mundo Res Sas e em Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos, com suas
histórias e aflições se completando, se sobrepondo e se mesclando porque suas
vidas se dissipavam e Cesar via as paralelas das realidades que subvertian a
ordem e em alguns pontos se encontravam.
Suspenso num milésimo de segundo entre sua inspiração e expiração, no
ínfimo momento que Cesar apenas era, como parte de tudo o que é, foi capaz
de compreender o todo e viu com a visão metafísica os eventos para aquelas
duas manifestações da vida.
Ao mesmo tempo em que Nuna Sapaki lhe fazia compreender o perigo com a
eminente tomada do templo no qual se aquartelavam os poucos Mantos
sobreviventes, que resultaria numa tragédia inimaginável porque a revelação
da suprema mentira faria ruir as bases da sociedade Res Sas e o grande
mistério do poder.