Page 386 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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poucos dias. Uma abertura vulnerável para alguém atrevido, ou intrépido, ou
suficientemente desesperado para navegar as águas perigosas do rio Mayuasiri
montanha abaixo, até o ponto exato e encontrar essa única falha existente
entre a muralha e a rocha.
Tal era o plano temerário de Victor, Jacques Lan e Hakan para tentarem
impedir o inacreditável drama que se desenrolaria por trás das muralhas.
Então, Victor Gatopardo, com suas feições misturadas às de Nuna Sapaki,
explicava tudo isso a um meio desperto Cesar Astu Ninan, e assegurava que
antes do próximo amanhecer tudo teria chegado ao fim.
E, em sonhos, entre véus de madrepérola, Cesar compreendia-os, a Victor e a
Nuna Sapaki, muito bem.
Observou-os quando se afastaram dele, cada qual seguindo seu caminho para
salvar seu mundo.
Podia ver, com uma clareza impossível, sobrenatural, os atos de Nuna Sapaki
enfrentando o agressivo exército Livre no derradeiro ataque ao único templo
Aska que ainda resistia e no interior do qual Odaye Therak se consagrava
como o grande líder e herói dos últimos Mantos e da divina Wayra Kori.
Via o alado com sua figura enganosamente maciça e com seu andar
desengonçado, como um velho marinheiro inconfortável em terra firme, se
colocar resoluto, muito ereto, no caminho dos guerreiros Livres que chegavam
às portas do templo.
Os guerreiros poderiam passar por ele com toda facilidade, eram jovens e
treinados, acostumados aos exercícios de combate e cheios de motivação.
Estavam empenhados em tomar aquele último símbolo da dominação dos
Mantos e, se possível, capturar com vida o líder Odaye Therak, mas pararam
diante de Nuna Sapaki. O velho alado se impunha a eles, não pela força, mas