Page 391 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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Estavam descendo, sempre e sempre,  por corredores infindáveis, passando
                      portas  umas  após  outras,  rápido,  rápido,  mais  rápido  para  escaparem  a
                      qualquer  vestígio  do  veneno  que  se  espalhava  mortal.  Jacques  carregava
                      Victor  como  a  um  boneco  de  trapo,  semimorto,  mas  que  finalmente  já
                      conseguia respirar, com dificuldade, aceitando o queimar ardido dos pulmões.
                      Já podia sentir o ar entrando e Victor o sorvia com sofreguidão, esganiçado,
                      enquanto a voz de Jacques ordenava enérgica. “__respire, Victor... respire.”


                      Então pararam. Mais uma porta. Jacques e Hakan falavam e Victor entendeu
                      que  confiriam  os  relógios  e  percebeu  urgência  nas  vozes,  nervosismo  na
                      maneira de se expressarem se referindo às centenas de homens das forças de
                      segurança  que,  afinal,  naquela  hora,  recebiam  a  ordem  para  invadir
                      Mayuasiri  Pacha.  Precisavam  avisá-los  do  perigo,  da  armadilha
                      potencialmente mortal para os que comandassem a ação entrando primeiro
                      no templo.

                      Então a alternativa seria deixarem-no ali, com as costas apoiadas contra a
                      porta ainda fechada no final do corredor. Estavam num dos subsolos, mas
                      podiam sentir que ainda assim havia ar fresco e os rapazes entenderam que
                      isso  só  seria  possível  se  os  dutos  para  respiração  daquele  corredor  não  se
                      conectassem  com  a  rede  de  dutos  do  resto  do  prédio,  captando  o  ar
                      diretamente do exterior e por isso estavam limpos e a salvo do ar envenenado.

                      Victor, semi consciente, compreendeu que lhe diziam para ficar e esperar por
                      eles.  Não  havia  tempo  para  darem  toda  volta  ao  prédio  até  a  entrada.
                      Precisavam retroceder sobre seus passos e seguirem o caminho mais curto
                      sendo  capazes  de  correr  com  as  respirações  suspensas  pelo  meio  do  salão
                      principal, transformado numa câmara de gás, até a entrada do templo, para
                      saírem exatamente em frente aos portões e encontrarem os homens das forças
                      de segurança assim que cruzassem os limites das muralhas.


                      Então, após isso, voltariam para buscá-lo.
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