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objeto, não há causalidade, nem exatidão, nem expressão, mas quando
       muito uma relação estética, quero dizer, uma transposição insinuante, uma
       tradução balbuciante numa língua totalmente estranha: para o que, em todo
       caso, seriam necessárias uma esfera e uma força intermediárias compondo
       livremente e imaginando livremente.


              A palavra "fenômeno" contém numerosas seduções, é por isso que
       a evito o mais possível: de fato, não é verdade que a essência das coisas
       apareça no mundo empírico. Um pintor ao qual faltassem as mãos e que
       quisesse exprimir cantando a imagem que tem diante dos olhos, revelaria
       sempre mais por essa troca de esferas que o mundo empírico não revela a
       essência das coisas. Mesmo a relação entre a excitação nervosa e a imagem
       produzida não é em si nada de necessário: mas quando a mesma imagem é
       reproduzida um milhão de vezes, que foi herdada por numerosas gerações
       de homens e que enfim aparece no gênero humano sempre na mesma
       ocasião, ela adquire finalmente para o homem a mesma significação que
       teria se fosse a única imagem necessária e como se essa relação entre a
       excitação nervosa original e a imagem produzida fosse uma estreita relação
       de causalidade; da mesma forma um sonho eternamente repetido seria
       sentido e julgado absolutamente como a realidade. Mas a solidificação e o
       distensão de uma metáfora não garante absolutamente nada no que diz
       respeito à necessidade e à autorização exclusiva dessa metáfora.

              Todo homem, a quem semelhantes considerações são familiares,
       certamente sentiu uma profunda desconfiança em relação a todo idealismo
       desse tipo cada vez que teve a ocasião de se convencer claramente da
       eterna conseqüência, da onipresença e da infalibilidade das leis da
       natureza; e tirou a conclusão: aqui, tanto quanto possamos penetrar, nas
       alturas do mundo telescópico e na profundidade do mundo microscópico,
       tudo é tão certo, realizado, infinito, conforme às leis e sem lacuna; a
       ciência terá de escavar eternamente com sucesso nesse poço e tudo o que
       for encontrado concordará e nada se contradirá. Como isso se parece pouco
       com um produto da imaginação: de fato, se o fosse, isso deveria deixar
       adivinhar em algum lugar a aparência e a irrealidade. Contra isso é deve-se
       dizer: se tivéssemos, cada um por si, uma sensação de natureza diferente,
       nós próprios poderíamos perceber ora como pássaro, ora como verme, ora
       como planta, ou então se um de nós visse a mesma excitação como
       vermelha, outro como azul, se um terceiro a ouvisse até mesmo como som,
       ninguém falaria então de semelhante legalidade da natureza, mas a
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