Page 58 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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Cristã, nunca vencidos em nenhuma guerra contra os Infiéis, e sempre
incapazes de faltar à verdade.
O Catual ouvia-o, ardendo em desejos de verificar por seus próprios olhos
a maneira como viviam esses homens extraordinários.
Não se demorou em mandar preparar alguns batéis.
E, acompanhado por vários guerreiros, foi visitar a nau capitaina, que era
então comandada por Paulo da Gama, irmão de Vasco.
Estava a nau toda empavesada, enfeitada com belos toldos e grandes
bandeiras de seda. As bandeiras batiam ao vento, e via-se em cada uma
delas a figura de um herói de Portugal, pintada maravilhosamente. Traziam
os Portugueses esses retratos dos seus heróis para nunca se esquecerem
dos exemplos e lições que eles tinham dado, e que nunca devem ser
esquecidos, diminuídos ou menosprezados...
Os Gentios quiseram logo saber o que representavam aquelas figuras.
As perguntas sucediam-se, a curiosidade era imensa. Mas Paulo da Gama,
que os recebeu com muita solenidade, ofereceu-lhes primeiramente vinho
e mandou tocar, em sinal de regozijo, as trombetas de bordo.
Está com ele Nicolau Coelho, que do seu navio — onde se transportavam
os mantimentos da frota — ali viera para acolher também os estrangeiros.
Os índios beberam largamente o vinho que viera de Portugal, e cujo sabor
tanto apreciavam.
E, quando Paulo da Gama os viu reconfortados, começou então a explicar-
lhes o significado das imagens pintadas nas bandeiras, dessas imagens dos
heróis lusitanos, que seduziam e intrigavam o Catual e a sua comitiva, já
comovidos pela generosidade e magnificência dos Portugueses...