Page 55 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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Bem se calcula a alegria que este e os nossos marinheiros tiveram ao ouvir
falar a Monçaide a língua de Castela, que entendiam e falavam também.
Diz-lhes o mouro tudo o que sabe sobre aquela opulenta província, cujo
nome é Malabar.
Anuncia as grandes riquezas que nela existem — e como se vestem e vivem
os seus habitantes.
Mas, enquanto ia esclarecendo os Portugueses sobre as coisas novas que
viam ou iam ver, já uma embaixada dos homens mais importantes da cidade
vinha a caminho da frota, pelas ruas da cidade, para em nome do Rei saudar
a armada.
Vasco da Gama desembarca então na praia de Calecute, onde o esperavam
o governador da Terra, que tinha o título de Catual, rodeado de guerreiros,
na índia chamados na ires.
Grandes saudações e cumprimentos fazem ao Capitão, transportando-o em
seguida num palanquim até ao palácio real.
Os outros portugueses seguem a pé, acompanhados de índios e mouros,
que estranham e admiram os fatos e modos da gente lusa.
Primeiro param num templo sumptuoso, onde há vários ídolos de formas
estranhas — uns com muitos braços, outros com aparência de animais.
Rezam os gentios àqueles seus deuses, e feita a reza, continuam a marcha
para o palácio real.
Entre arvoredos, ei-lo que surge e se destaca, opulento e vistoso.
Rodeia-o frondosa cerca. E pelos portais da cerca, veem- -se figuras que
representam os primitivos conquistadores da índia.
Lá aparecia a estátua de Baco, o primeiro soberano estrangeiro daquelas
terras, em atitude guerreira e com a fronte coroada de folhas de louro. Mais
adiante, a Rainha Semíramis, que veio da Assíria. E depois Alexandre