Page 52 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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Sossega o Mar, então. Cala-se o vento um pouco.

                  As nuvens fogem, deixando ver no Céu a estrela Vénus, a estrela que tem o


                  nome da protetora dos Lusitanos.

                  A  luz  da  estrela  carinhosa  acalma  os  elementos  furiosos,  anuncia  a

                  madrugada alegre, e traz força e coragem aos corações dos tripulantes. Cai

                  o vento. Amainam as ondas. E as naus portuguesas retomam outra vez o

                  seu rumo para a índia. Baco invejoso fora vencido de novo, e já não poderia


                  contrariar os desígnios da gente lusitana.

                  A manhã clareava nos outeiros por onde passa o Rio Ganges, quando da

                  gávea alta os marinheiros enxergaram terra, pela proa das naus.

                  Voa dos corações o medo. Foge a sombra de temor que os desvairava.

                  O piloto melindano, jubilosamente, exclama que a terra que se avista enfim


                  é Calecute, cidade da índia!...
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