Page 57 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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e que, se tu quiseres fazer com ele uma aliança e pacto de amizade, trocará

                  muitas das suas riquezas com as tuas.


                  «Proveitosa será essa troca para ti, e para ele glória ingente — pois toda a

                  Europa assim poderá saber que de longe viemos procurar os produtos e

                  especialidades de terra tão afastada da nossa, e à qual é tão difícil chegar.

                  «Se o pacto de amizade e comércio que te proponho ficar firme e seguro,

                  poderás contar com o apoio do meu Rei e da minha Pátria em todas as


                  guerras  que  porventura  te  moverem  os  teus  inimigos,  e  com  os  seus

                  soldados, suas armas e seus navios para te defenderem.

                  «O meu Rei se considerará teu irmão e como teu irmão se há de conduzir.»

                  O Rei de Calecute respondeu com muito agrado ao grande Vasco da Gama,

                  dizendo-lhe que se sentia feliz por ter ali embaixadores de um pais tão


                  ilustre e distante; mas que, a respeito da aliança proposta, nada respondia,

                  enquanto não falasse com os seus conselheiros habituais.

                  Prometeu,  no  entanto,  dar  depressa  resposta  satisfatória.  E  mandou

                  preparar camas para todos os portugueses que o visitavam, convidando-os

                  a repousar no seu próprio palácio, enquanto não tomava uma resolução


                  definitiva.

                  Aceitou Vasco da Gama a hospitalidade do Samorim.

                  Logo ele e os seus companheiros foram descansar em belos aposentos. E o

                  Catual, por ordem do seu Rei, foi procurar o mouro Monçaide para melhor

                  se informar dos costumes, da lei e da terra dos Portugueses.


                  Não foi este mouro traidor ou mentiroso... Antes deu informações muito

                  agradáveis, embora justas, dos seus novos amigos, e assim despertou no

                  Catual o desejo de ver mais de perto os navios e os marinheiros da frota.

                  Monçaide  pintou  os  Portugueses  como  gente  heroica  e  destemida,

                  defensores estrénuos da sua Pátria e da Religião
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