Page 61 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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«E aquele que além está, de braço estendido para o seu príncipe,
mandando-o recolher os exércitos que se batiam contra D. Teresa, mãe de
Afonso Henriques, é Egas Moniz — o forte e leal vassalo, claro espelho de
homens honrados.
«Vai com os seus filhos, em refém, entregar-se à sua ama e soberana, pois
que não pudera obrigar D. Afonso Henriques a não batalhar contra a própria
Mãe...
«Mais adiante é D. Fuas Roupinho, que rompeu o cerco de Porto de Mós,
sitiado pelos Mouros, e que, nosso primeiro almirante, destroçou a
esquadra mourisca em frente do Cabo Espichei.
«Nunca estava satisfeito senão quando pelejava.
«Perseguiu os navios do inimigo até Gibraltar, queimando-os em frente de
Ceuta e morrendo então.
«A sua alma subiu contente ao Céu, liberta das mãos dos Mouros e digna
da palma dos triunfadores...
«Aí vês também» — continuou Paulo da Gama, apontando para outra figura
— «um estrangeiro, chamado Henrique, famoso cavaleiro que veio com os
Cruzados e ajudou a tomar Lisboa.
«Junto da sua sepultura nasceu uma palmeira cujos ramos são milagrosos.
«E está, no outro pendão, o prior D. Teotónio, que, tendo os Mouros
conquistado Leiria, cidade a ele dada pelo nosso primeiro rei — logo se
desafronta avançando contra Arronches, e a liberta do jugo árabe.
«Mem Moniz é o nome do outro guerreiro cujo retrato admiras.
«Foi ele o primeiro que, ao ser tomada Santarém aos Infiéis, desfraldou nos
muros da cidade a bandeira da sua Pátria.
«Acompanhou D. Sancho I a Sevilha, perseguindo o inimigo. E de lá trouxe
a bandeira que eles erguiam. Soldado heroico, digno filho de um pai