Page 64 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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«É Pedro Rodrigues, alcaide-mor do Landroal, que venceu um exército
castelhano e libertou das garras de ferozes inimigos um compatriota que ia
preso. É Gil Fernandes, de Eivas, que depois de prender um falso português
ao serviço de Espanha, entra por Castela até Xerez, fazendo fugir todos os
adversários adiante do seu braço forte...
«Gente de coragem sem fim, que o amor do berço natal tomava indomáveis
e vitoriosos sempre... Até contra exércitos mais numerosos, como aqueles
dezassete portugueses, que nos outeiros de Almada — e mostrou outra
bandeira — se defenderam de quatrocentos castelhanos, e conseguiram
desbaratá-los!
«Grande proeza, digna de patriotas sem medo e sem outra paixão que não
seja a da sua terra!»
O Catual estava deslumbrado e convencido já do valor e da energia dos
Portugueses, da sua lealdade e apaixonado amor da Pátria. Não valia a pena
lutar contra homens de poder tão nobre e forte, que todos e tudo venciam
e que nenhum perigo assustava...
Paulo da Gama ainda lhe indicou os retratos dos dois infantes D. Pedro e D.
Henrique, filhos de D. João I. Contou os atos corajosos que o primeiro
praticou na Alemanha, quando ali combateu os Turcos, e descreveu a
conquista de Ceuta em África, feita pelo segundo, que foi também o
desvendador dos mares, o mais ilustre dos Portugueses no descobrimento
e posse do Atlântico misterioso.
Este louvor aos nossos antigos heróis terminou-o então Paulo da Gama, não
porque outros não houvesse dignos de serem ali sempre lembrados, mas
porque não trazia mais bandeiras com retratos...
Não deixou, porém, que o deslumbrado Catual pensasse serem só os nomes
citados os de todos os grandes homens de Portugal.