Page 56 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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de Macedónia, que da Grécia partira também à procura de tão ricas regiões.

                  Todos tinham vindo de longe, com a ambição de senhorear a terra opulenta


                  do Ganges...

                  Mostrando as estátuas, o Catual dizia a Vasco da Gama:

                  — «Tempo virá, e muito breve, em que outras vitórias de outras gentes

                  estranhas farão esquecer aquelas que vedes aqui celebradas nestes vultos.

                  E tão grandes, que todo o Mundo as conhecerá e louvará, pois suplantarão


                  até a memória das antigas, sempre vivas... Assim o profetizaram os nossos

                  feiticeiros e sábios.»

                  Mais coisas extraordinárias dizia o Catual a Vasco da Gama. E enquanto à

                  boa paz conversavam, iam-se dirigindo para a sala onde o Imperador os

                  esperava.


                  Rodeado de várias pessoas, estava o Samorim deitado num leito de seda e

                  pedras preciosas, coroado com um diadema de esmeraldas e diamantes.

                  Envolvia-lhe o corpo um largo pano tecido de fios de oiro.

                  Um criado velho e reverente, sempre de joelhos, dava- -lhe a cada instante

                  folhas de bétele a mastigar, segundo o costume ali usado. O bétele é uma


                  erva aromática, muito apreciada pelos índios.

                  Sai do lado um Brâmane — que é o padre da religião dos índios — adianta-

                  se  para  Vasco  da  Gama  e  apresenta-o  ao  Imperador,  com  muitas  e

                  cerimoniosas vénias.

                  Depois da apresentação, senta-se o Gama junto do leito — e com voz grave,


                  que logo enche de respeito toda a gente, faz este discurso ao Samorim:

                  — «Um grande rei do Ocidente, sabendo da tua influência e valor, mandou-

                  me aqui para te comunicar que, de todas as coisas e seres que sobre o Mar

                  e a Terra vivem, existem e andam, desde o Tejo ao Nilo, desde o Norte da

                  Europa ao Norte da África, há no seu Reino grande abundância;
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