Page 114 - As Viagens de Gulliver
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Ao fim do jantar, entrou a ama de leite, trazendo ao colo uma criança de
      um ano que, assim que me viu, soltou gritos tão fortes, que não me custava nada
      acreditar se ouvissem da ponte de Londres até Chelsea. A criança, olhando-me
      como se fora um boneco ou uma bugiganga, chorava, porque me queria para
      brinquedo. A mãe pegou em mim e entregou-me nas mãos da criança, que me
      levou  à  boca;  ao  ver-me  em  tal  situação,  dei  tamanhos  gritos,  que  a  criança,
      assustada, deixou-me cair, e teria infalivelmente quebrado a cabeça se a mãe
      não me aparasse no avental. A ama, para sossegar o pequeno, deu-lhe um guizo
      do tamanho de uma pipa, cheio de pedregulhos, e preso, por meio de uma corda,
      à cintura do pimpolho. Isso porém não o sossegou, tendo a ama de recorrer ao
      extremo remédio e que foi dar-lhe de mamar. Forçoso é confessar que nunca vi
      coisa que mais nojo me causasse do que os peitos da citada ama, não sabendo
      mesmo a que possa compará-los.
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