Page 95 - As Viagens de Gulliver
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disparou um tiro de canhão. É difícil patentear a alegria que experimentei com a
      esperança  de  tornar  a  ver  novamente  o  meu  país  e  os  queridos  entes  que  lá
      deixara.




















          O navio ferrou as velas e veio ao meu encontro, das cinco para as seis
      horas  da  tarde  de  26  de  Setembro.  Fiquei  louco  de  contentamento  ao  ver  o
      pavilhão inglês. Meti as vacas e os carneiros na algibeira do gibão e subi para
      bordo com a minha pequena carga de víveres. Era um navio mercante inglês,
      que regressava do Japão pelos mares do norte e do sul, comandado pelo capitão
      João Bidell, de Depford, honrado homem e excelente marinheiro.
          Havia a bordo perto de cinqüenta homens, entre os quais encontrei um
      antigo  camarada  meu,  Pedro  Williams,  que  falou  elogiosamente  de  mim  ao
      capitão. Esta boa criatura proporcionou-me magnífico acolhimento e pediu-me
      que  lhe  dissesse  de  onde  vinha  e  para  onde  me  dirigia,  o  que  fiz  em  poucas
      palavras;  julgou,  porém,  que  a  fadiga  e  os  perigos  que  eu  tinha  corrido  me
      haviam  transtornado  a  cabeça,  pelo  que  tirei  logo  da  algibeira  as  vacas  e  os
      carneiros, o que deu lugar a uma grande admiração de seu lado, provada, assim,
      a veracidade do que acabava de narrar. Mostrei-lhe as moedas de ouro, que me
      dera o rei de Blefuscu, e bem assim o retrato em tamanho natural e muitas outras
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