Page 114 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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– Vá! – ele ordena.

                  Larks corre sala afora e restaurante adentro. Rostos assustados se viram
                em sua direção. Ele sai para a rua no momento em que um carro dispara
                pelo  tráfego,  batendo  na  lateral  de  um  táxi  antes  de  acelerar,  virar  uma

                esquina e se perder de vista.
                  Larks volta para a sala. Rigoletto está no chão próximo ao sobrinho.

                  Tony Piccolo está morto, deitando no assoalho em uma poça de sangue
                cada vez maior.

                  Pelo  menos  ele  se  foi  como  nos  filmes,  pensa  Larks.  Ele  teria  gostado
                disso.

                                                           • • • •

                  – Que diabos foi aquilo, Fisk?
                  O  Detetive  Boyd  irrompe  em  direção  deles  atravessando  o  gramado,  o

                rosto pálido salpicado de raiva.
                  Larks se levanta lentamente. Ele é alto, quase dois metros de altura. Boyd

                é grande, também, mas é pesado, mais gordura que músculos. Um corte de
                cabelo bem feito e colônia, como se pensasse que é alguém. Ele olha para

                Larks e diminui o passo, levanta as mãos no ar.
                  – Tá certo, tá certo.
                  Larks não diz nada, apenas brinca com uma tampa de garrafa que achou

                na grama cheia de neve, passando-a por entre os dedos como um mágico.
                Larks não gosta de Boyd. Ele tem muita ambição. Quer chegar ao topo de

                qualquer jeito. Pessoas assim, elas não têm lealdade. É difícil controlá-las.
                  Mas, como Fisk diz, é bom ter um policial no bolso. Especialmente um
                que está em ascensão no departamento. Só precisam se certificar de que há

                muita sujeira sobre ele para mantê-lo sob controle. O único problema é que
                Larks sabe que Boyd provavelmente pensa a mesma coisa. Quem sabe o

                quanto ele escavou desde que começou a trabalhar para Fisk?
                  – Você fez bem – diz Fisk. Ele quebra um pedaço de pão velho e joga no

                lago. Nenhum dos patos parece interessado.
                  – Nenhum de nós deveria ser morto! – exclama Boyd.
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