Page 131 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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– Qual o motivo da súbita moralidade? O dinheiro está aí para ser ganho.
Estamos falando de centenas de milhões aqui. Por que deixar que os
pequenos cafetões e traficantes acabem com tudo se temos a infraestrutura
para fazer por conta própria?
Beaks e os dois outros chefões assentem. Fisk anota quem são. Spilotro
ganha mais coragem com isso e abre a boca para falar novamente. Mas,
antes que possa proferir uma palavra, Rigoletto bate o punho na mesa.
– Todos vocês, calem as bocas! Não vamos assassinar crianças.
Entenderam? Não vamos atender a tais… perversões. Quero dizer, vocês
estão falando de tráfico humano, não é? Escravos sexuais? Que diabos há
de errado com vocês? E querem infectar nossas vizinhanças com crack?
Não. Vamos nos ater aos antigos esquemas. Podemos ser criminosos, mas
não somos monstros.
– Mas…
– Já tomei minha decisão! Saiam daqui. Todos vocês.
Os outros chefes trocam olhares. Fisk os observa atentamente, notando o
clima. Eles finalmente se levantam e deixam o recinto, Beaks, ao sair, bate a
porta com mais força do que o necessário.
Rigoletto suspira.
– Ah, Fisk. Por que os tempos têm que mudar? Por que não continuam os
mesmos? Eles querem desistir das nossas velhas tradições… da nossa
honra. E pra quê? Uma grana rápida? Nossas famílias vivem nessas cidades.
Nossos filhos vão a essas escolas.
Toma um gole de seu espresso. Contrai-se e larga a xícara, pegando o
copo de água.
– Eles querem que transformemos esta cidade em um inferno na terra.
Prostituição infantil. Drogas sintéticas… escravidão… – Sua voz some e ele
balança a cabeça.
– Prostituição infantil. Drogas sintéticas. Escravidão – repete Fisk. Ele
respira fundo e solta devagar. – Essas coisas são o futuro.
– O quê?
Rigoletto começa a girar a cadeira, mas Fisk se coloca atrás dele e lhe
agarra a cabeça com suas enormes mãos.