Page 126 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Liga o carro.
O motor rosna e ganha vida, e ele enfia o pé no pedal. Os disparos
irrompem atrás e à sua esquerda, atingindo o carro enquanto ele avança para
a frente. Matt ouve os altos estalos das balas atingindo o metal, e então está
sobre o gramado, girando o volante, espirrando lama e grama conforme
segue direto para o portão de ferro.
Mais disparos atrás dele. As luzes traseiras se estilhaçam. O retrovisor
explode em fragmentos enquanto ele ganha velocidade.
Ele atinge o portão a toda. É atirado para a frente, o joelho atinge o fundo
do painel, as costelas acertam o freio de mão. O air bag explode na lateral
do seu rosto. Matt pisca, meio tonto, e se lembra de girar o volante para a
direita para que não atravesse a rua e entre no terreno do outro lado. Enfia o
pé no acelerador, tenta, freneticamente, empurrar o air bag para o lado para
que consiga alcançar o volante.
Buzinas ressoam enquanto os carros desviam dele, que sente o cheiro de
algo queimando. O carro está pegando fogo? Não. É água. Vapor. Mas sente
também o cheiro de óleo. O carro, danificado pela colisão. (Ou pelas balas.)
De qualquer forma, ele precisa largá-lo. Rápido.
Matt estende os sentidos e ouve rodas girando à frente, o apertar de um
disco de freio quando um carro diminui a velocidade e desvia para evitar
atingi-lo. Ele se ajusta à distância deles e vira um pouco o volante para a
direita, mantendo-se na faixa correta.
Tem um carro à sua frente indo na mesma direção. Perfeito. Ele foca toda
sua atenção nisso, escutando se as rodas dianteiras do carro se viram no
asfalto para seguir as curvas da via. Deixa que o carro o guie, como um cão-
guia.
Dirige por mais alguns minutos, mas, quando a rua fica congestionada, ele
sabe que tem de largar o carro ou corre o risco de um acidente. Encosta o
carro, chuta a porta para abrir e corre para dentro do mato na lateral da via,
depois morro abaixo e para dentro de um parque com gira-gira e balanços
para crianças. Continua correndo, o corpo inteiro entorpecido. Tudo o que
ele sabe é que tem de sair dali. Voltar para o dormitório. Cuidar de seus
ferimentos. Ficar lá dentro. Manter-se escondido. Não ser preso.