Page 124 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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É lento, e doloroso, mas ele alcança o telhado sem que nenhum grito de
alarme venha de baixo.
Coloca os dois braços sobre a beira do telhado…
… e então há um estalo alto no momento em que uma bala atravessa seu
braço esquerdo.
Ele grita assustado e cai, para trás, do beiral. Se segura com a mão direita,
lágrimas de agonia rolando por seu rosto. O ombro esquerdo está
queimando, choques elétricos pulsando por suas veias.
Há gritos vindo de baixo. Mais disparos. Pedaços de tijolo explodem perto
de sua cabeça e salpicam-lhe o rosto com pequenas alfinetadas de dor. Cerra
os dentes, esperando que uma bala atinja suas costas a qualquer segundo, e
se puxa para cima novamente, usando apenas seu braço direito para erguer
todo o peso de seu corpo.
Ele rola e deita de costas. Olha fixamente para as nuvens carregadas. Toca
o braço e sente o buraco: o sangue bombeia livremente, quente e grudento.
Tenho que parar o sangramento, ele pensa. Tenho que sair daqui. Todo seu
lado esquerdo está queimando. Logo vai entrar em choque.
Primeiro passo: sair daqui.
Ele se levanta, cambaleia até o outro lado do telhado. A parte do fundo da
casa está tão ruim quanto a frente – cheio de seguranças armados com rifles
automáticos e pistolas. O pai de Elektra deve ser muito paranoico para
querer tanta proteção. Ou isso, ou ele é realmente tão importante quanto
acha que é.
Matt segue até a parte esquerda da casa e espia lá embaixo. Dúzias de
carros estacionados no fim de um caminho de cascalho em espiral. É o jeito,
melhor se esconder lá embaixo. Os refletores estão todos focados nos
carros, deixando largos espaços com sombras e uma extensão de grama
entre a casa e o portão que não estão iluminadas como a mesa de operação
de um hospital.
Não há tempo para sutileza. Matt vira, fica de joelhos e rasteja para trás.
Abaixando-se sobre a borda, ele se pendura pelo braço direito – e então se
solta. Atinge o terraço do terceiro andar com força. Seus joelhos se chocam
com o peito, deixando-o sem ar. Ele espera, ofegante por ar.