Page 123 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Os estalos das armas automáticas.

                  Os  disparos  irrompem  no  salão.  Gritos,  uma  debandada  em  pânico  em
                direção à saída. Cadeiras caindo no chão. Matt se joga para trás. As balas
                atravessam a janela sem vidro e atingem a parede no fundo. Isso acabou

                dando errado muito rápido. No que diabos estava pensando quando decidiu
                ir  até  lá?  Ele  quebrou  as  regras.  De  novo.  E  agora  coisas  ruins  estão

                acontecendo. De novo. Precisa sair dali. Imediatamente.
                  Ele corre, furioso consigo mesmo por fazer algo tão estúpido. Não pensou

                com  clareza.  Na  verdade,  sequer  pensou.  Deixou  que  ela  o  atingisse.
                Deixou que entrasse na pele dele.

                  De volta ao corredor. Os sons dos passos na frente. Gritos.
                  Ele para, volta. Não. Não pode voltar. Eles também estão vindo por ali.
                Tenta a porta mais próxima. Trancada. Segue para a próxima. Dá em um

                escritório. Ele entra depressa e corre até a janela.
                  Abre a janela e se inclina para fora. Refletores iluminam o terreno como

                um pátio de prisão. Os seguranças rondam o local, cães latem e puxam as
                coleiras. Não há saída naquela direção. Tem que subir.

                  As lições de Stick inundam sua mente. Suas palavras, todas as vezes que
                Matt fica frustrado ou com raiva. Mantenha a calma, garoto. Respire. Deixe

                tudo lá fora e se concentre no momento.
                  Matt respira fundo e pisa no parapeito da janela. Ele se vira, sentindo a
                parede:  tijolos  nus.  Pelo  menos  algo  está  dando  certo.  Tijolos  significam

                lugar onde apoiar os dedos.
                  Matt estica o braço o máximo possível, procurando a maior fenda entre os

                tijolos.  Coloca  os  dedos,  mas  não  há  como  dizer  se  a  fenda  é  grande  o
                suficiente para aguentar seu peso.

                  Não há o que fazer. Ele se certifica de que seus dedos estão fixados o mais
                firme possível – e tira o peso dos pés. A dor apunhala as juntas de seus

                dedos. Ele consegue se segurar… por pouco. Respira fundo, puxa a mão
                esquerda.  O  ombro  e  o  cotovelo  direitos  gritam  de  dor.  Contrai-se,  tenta
                ignorar, e se ergue ainda mais alto, o peso em sua mão esquerda. E então

                solta a direita, sobe mais, e repete o processo.
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