Page 120 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Espera a lua passar atrás de uma nuvem e então sai da sombra de uma

                árvore  e  atravessa  a  rua  deserta  até  o  portão  de  ferro.  O  espaço  entre  as
                barras é pequeno – pequeno demais, pelo que parece, para que um adulto se
                esprema por entre elas.

                  No entanto, as aparências podem enganar.
                  Ele  se  lembra  das  palavras  de  Stick:  suas  costelas  podem  se  flexionar,

                garoto. Deixe que flexionem.
                  Matt  respira  fundo  e  se  força  através  do  vão.  Por  um  breve  momento,

                pensa que está entalado, e imagina a cara dos seguranças ao encontrarem
                um intruso entalado no portão. Mas ele consegue sair e atravessa o espaço

                aberto até um muro baixo que cerca a parte dos fundos da casa, separando o
                jardim por um caminho de cascalho.
                  Há escadas que levam para baixo, provavelmente para a cozinha. Não é

                para onde Matt quer ir. Ele precisa subir até o telhado, onde se sente mais
                seguro.

                  Ele  escuta,  ouve  o  ruído  de  passos  no  cascalho,  o  chacoalhar  de  papel.
                Sente um forte cheiro de goma de menta.

                  O  segurança  poderia  ter  colocado  um  holofote  na  testa.  Não  que  fosse
                difícil rastreá-lo sem a goma de mascar, mas mesmo assim… Foi legal da

                parte dele ajudar.
                  Matt espera o segurança passar, e então salta para cima do muro baixo,
                usando-o para pular e segurar a beirada de uma janela do segundo andar.

                Ele  se  ergue.  Outro  pulo,  e  segura  o  beiral  três  metros  acima.  Terceiro
                andar. Precisa ser mais rápido agora. Se acontecer de algum dos seguranças

                olhar para cima, vai vê-lo na mesma hora.
                  O telhado está muito longe. Ele desliza rapidamente pelo beiral de cinco

                centímetros,  movendo-se  graciosamente.  Calmamente  procurando  outro
                caminho, uma ajuda para subir. Nada. Continua até captar um perfume do

                lado de fora de uma janela: jasmim e flor de laranjeira.
                  Ele espia lá dentro, vê que é o quarto dela. Hesita. De repente se sente um
                intruso. Quase um voyeur. Há outra maneira de fazer isso? Matt olha por

                sobre o ombro, de volta para o chão. Há outros dois guardas patrulhando.
                Eles podem olhar para cima a qualquer momento e pegá-lo.
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