Page 136 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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– Mais emocionante – diz ela.
Mais perigoso, Matt pensa. Neve solta significa um risco maior de causar
avalanche.
Elektra vai à loucura.
Ela é como um leão mantido preso em uma jaula durante toda sua vida e
de repente é solto na savana.
Salta de despenhadeiros, voa por sobre as descidas mais íngremes, dá
mortais de cima dos penhascos que se erguem sobre florestas onde é
proibido esquiar.
É claro que Matt a segue e pela primeira vez em um longo tempo ele sente
a pontada de… não de medo. Mas de uma consciência de sua própria
mortalidade. Um movimento errado, e ele pode dar de cara em uma árvore.
Um pouso mal pensado, e ele pode cair de cabeça em um penhasco rochoso.
Uma virada malconduzida, e pode iniciar uma avalanche.
Ele ama isso.
Está… feliz. A vida é como Matt sempre imaginou – esperou – que
pudesse ser.
E então ele estraga tudo.
• • • •
Estão deitados no tapete ao lado da lareira. As chamas diminuíram, mas os
dois estão quentes o suficiente por causa dos esforços, e nenhum deles sente
a necessidade de jogar mais lenha.
Matt traça com o dedo o contorno do brilho alaranjado do fogo na pele de
Elektra. Pode sentir o calor, o enrubescimento acalentador da vida.
– Eu te amo – ele sussurra.
Três palavras que instantaneamente deseja não ter dito.
Ela não reage. Não se move. Não diz nada. Ele tenta ignorar, mas, quanto
mais seu silêncio se estica, mais ele amaldiçoa sua estupidez.
– Elektra…?
– Você nem sequer me conhece, Matt. Não de verdade.
– Eu conheço. Claro…