Page 138 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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– Elektra…
– Não. Estou cansada, Matt.
Ela encosta a cabeça no tapete e, como um gato, instantaneamente
adormece. Matt fica sentado ali, o calor do fogo no rosto, os dedos
pousados gentilmente sobre o braço dela, sentindo o pulsar de seu coração
enquanto sente raiva de si mesmo por ter aberto a boca.
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Todos os dias desde a noite na cabana é como um tempo extra. Matt sabe
que acabou, e pode sentir o vazio em seu estômago.
Ele a vê algumas vezes depois que retornam, mas pode sentir que ela está
se afastando, e que, quanto mais tenta segurá-la, mais rápido ela escapa.
Então tudo que lhe resta é deixá-la em paz. Tentar não a pressionar e
esperar que o fim não chegue.
Mas ele chega. Em um dia tão frio que é capaz de transformar lágrimas
em gelo.
Elektra liga para ele.
– Matt… – diz, e instantaneamente ele sabe. Os cacos da voz dela lhe
perfuram o coração, e ele quer desligar, arrastar-se para a cama e se
esconder do mundo.
– Meu pai… ele… ele… está morto, Matt.
Matt se endireita, a autopiedade se foi.
– O quê? Como? O que aconteceu?
– Alguém invadiu a casa. Eu… eu não sei direito. Eu ouvi… vozes…
Eu ouço vozes, Matt.
– Onde você está?
– No aeroporto. No avião particular do papai… eu… eu vou embora.
– Espere. Não vá.
– Eu tenho que ir, Matt. Não posso mais ficar aqui.
– Por favor. Espere… até que eu possa te ver. Deixe eu me despedir, pelo
menos.
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